Livre como o ar

  • Mazé Torquato Chotil
Livre como o ar

Elisa chegou na cidade há pouco tempo. Na volta às aulas suponho que deve frequentar minha escola, a única do segundo grau da cidade. Ela é diferente. Não sei dizer exatamente como é que sinto esta diferença. Me disseram que vem de São Paulo. Não sei se da capital ou de outro lugar. Tem os cabelos curtos, encaracolados e veste um short não muito curto, mas também não muito longo. Bem acima dos joelhos. Não é como nós aqui que vestimos saias, vestidos e às vezes, calça comprida.

Vejo-a de vez em quando, como agora, passando na rua principal, na frente da nossa casa. Deve ter a minha idade. Será? Se tiver, talvez frequente minha classe na volta às aulas. Não sei se tem irmãos. Pelo menos não vi nenhum garoto diferente passando por aqui. Vai em direção da entrada da cidade. Deve morar por lá. Qualquer hora vou dar um jeito de passear por la com minha amiga Marta.

Tem sempre uma bolsa à tira à colo. Bolsa de um tecido bege, com flores bordadas. Verde, azul, vermelho... Tem um ar diferente. Como se tivesse sempre feliz. Seu andar também me chama a atenção. Como descrever? É como se não importasse se as coisas devem ser de uma ou de outra forma. Ela tem a sua forma. Não interessa o que os outros pensam, se é diferem dos outros. Que não tem a melhor imporância de andar de uma forma ou de outra, que sabe, intuitivamente, que a melhor forma é a que se tem. Sem comparar com as outras.

Sinto-a livre. Livre de idéias pré concebidas, livre de ser ela mesma, de viver o que a vida pode lhe oferecer.

Bom final de semana!

 

 

(Texto Inspirado numa pessoa que conheci no final dos anos 70)

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