Manhãs de primavera

  • Mazé Torquato Chotil
Manhãs de primavera

Gosto das manhãs. Muitas vezes, na primavera, ao sair de casa para o trabalho, me deparo com ela ainda banhada pela escuridão da noite, iluminada pela lua e estrelas. Tamanha beleza! Dou uma parada para saborear, degustar cada segundo. É aí que o prazer é duplicado. Percebo que os passarinhos contentes com estas manhãs de primavera, me saúdam com seus cantos, uma verdadeira orquestra. O prazer é imenso. Infelizmente, tenho que partir.

Nas manhãs, as ruas têm pouca gente. Me sinto dona da cidade, até que cruzo alguém apressado partindo para o trabalho ou um grupo de jovens de volta de uma farra qualquer. Barulhentos não se dão conta que afugentam animais, quebram a tranquilidade de quem pode dormir um pouco mais. Ou ainda, que incomodam doentes.

Nestas manhãs de lua e estrelas, aos poucos uma grande transformação se faz sentir. É a noite que devagarinho, sem se apressar vai saindo para se deitar, deixando o lugar ao dia. Como em câmara lenta, aos poucos, lentamente…. Hoje, neste ínterim, o céu carregado de pequenas nuvens, um pouco maiores que carneiros, cinzas, deixavam passar a fraca luz do sol que não devia estar longe, prometendo chegar em breve. Nas ruas, luzes aqui e acolá. As copas das árvores do jardim ao lado se balançavam de vez em quando, com o sopro do vento. E algo me fez lembrar o Nordeste, meus 18 anos, quando atravessei o país, mais de 3000km, para conhecer meus avós, nas primeiras férias, após um ano de trabalho. Naquelas manhãs, apreciava o vento fresco que vinha me acariciar a pele.

Do outro lado do jardim e da estrada de ferro, prédios altos não se deixavam ver por inteiros na espera da claridão do dia que não tardaria por se mostrar completamente. Luzes se acendiam atrás de algumas janelas. Aos poucos, o despertar para o novo dia. Um quadro vivo que ao mesmo tempo que apresenta suas diferenças diariamente, mostra a segurança da certeza que as coisas duram.

Boa semana

 

Mazé