Nossos encontros literários

  • Mazé Torquato Chotil
Nossos encontros literários

Já devo ter falado aqui que, uma vez por mês, no Instituto Alter’Brasilis, aqui em Paris, reuno brasileiros, portugueses, franceses falando português... em torno de um enconto literário. Acontece nas últimas sextas do mês e é uma forma de nos encontrar, em português, para trocar informações, ideias... em torno de um livro. Chegamos pelas 19 horas e logo começamos a sentir o odor do pão de queijo, do café, do guaraná... e depois, às 20 horas, começa o encontro propriamente falando.

Estou falando disso porque preparo a próxima sessão, quando teremos o prazer de receber a jornalista francesa Hélène Seingier, que morou no Brasil, no Rio de janeiro, para falarmos de “Geração favela”, livro que ela escreveu com outra jornalista, Marie Naudascher, com ilustrações de Alexandre de Maio e o prefácio de Jean Wyllys.

Este livro, que ainda não foi traduzido para o português, não tem a intenção de falar de violência, dos pontos negativos descritos por demais na imprensa. Pelo contrário, é um livro que coloca em evidências os bons pontos, o outro lado da moeda. As jornalistas dão a palavra aos criativos, aos empreendedores e aos mobilizadores que vivem nas favelas do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Jovens, eles se exprimem pela poesia, pelo RAP, pelas cores através de seus grafites, e utilizam o esporte, o boxe, conta o narcotráfico. Os empreendedores, se uns criam uma moda mestiçada, outros ensinam aos adolescentes formas de mudar o mundo, de transformar seus destinos. Eles também reivindicam, mobilizam fabricando suas próprias mídias, defendendo minorias como os índios, resistindo nos squatter, impondo respeito às minorias.

O livro é portanto importante pela sua visão de favelas cariocas e paulistas. É o resuldado do encontro, no Brasil, Rio de Janeiro, destas duas jornalistas francesas impressionadas com as dezenas de jovens formidáveis que conheciam e que estavam mudando suas favelas. Quiseram falar deles, coloca-los em evidência. Como Marie vai morar em seguida em São Paulo, elas podem apresentar pessoas vivendo nestas duas megalópoles.

Para quem não sabe, eu também não sabia, segundo o IBGE, em 2010 o Brasil possuia 6.329 favelas, onde moravam11.425.644 pessoas, ou seja, 6% da população, em 323 municípios. O Sudeste, onde está localiza a maior população brasileira, tem 49,8% de pessoas vivendo nesses locais (São Paulo, 23,2%; Rio de Janeiro 19,1%). O Nordeste abriga 28,7%, o Norte, 14,4%; o Sul, 5,3%; e o Centro-Oeste, 1,8%.

Lançado ano passado aqui em Paris, o livro é colorido pelas ilustrações de Alexandre de maio.

 

 

 

 

 

Bom final de semana !

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.