O Homem

  • Mazé Torquato Chotil
O Homem

Li, terça-feira, no jornal francês Le Monde o título da manchete de um artigo de página inteira “Jorge Paulo Lemann, l’ogre brésilien”. O ogre brasileiro. O artigo fala de sua febre de compras que parece sem limites. Fui buscar nos meus arquivos um texto que tinha começado a esquever na última vez que vi um artigo sobre ele.

Sua fortuna é estimada em 83,7 bilhão de reais. Somente em lucros, teve ano passado R$ 3,86 milhões, segundo a revista Época Negócios. Apontado como o brasileiro mais rico do país, está entre os 30 mais endinheirados do mundo. Possui as marcas Burger King, ketchups Heinz, as cervejas da AB InBev às quais vieram se juntar as da SAB Miller, n° 2 do setor, motivo do artigo que fala como Lemann esperou, mas abocanhou seu rival. Formou o conglomerado mais potente da América, segundo o artigo.

Na verdade, tem dupla nacionaldiade, também é suíço, terra de seus avos paternos e mora às margens do largo de Zurich, com a esposa Susanna desde 1999, após tentativa de sequestro de seus três filhos no caminho da escola; vinte tiros num carro blindado que machucou somente o motorista.

Milionário, 76 anos, ex-tenista e surfista é secreto. Sabe-se entretanto que aos 20 anos representou a Suiça em campeonato de tenis, mas sem esperança de ser campeão, foi estudar nos Estados Unidos, em Harvard. Não bebe bedidas alcólicas e come raramente carne vermelha. É disciplinado. Todas as manhãs se levanta cedo, joga tenis – não gosta de perder, segundo Cristiane Correa, autora de sua biografia.

Nos Estados-Unidos começou a trabalhar no meio financeiro, criando o fundo de investimentos 3G. Sua técnica, como a de todos fundos de investimento, é implacável a fim de ganhar lucro máximo: diminuir custos com a dispensa de empregados. Por exemplo quando comprou a Brahma a metade de seus assalariados perdeu o emprego em alguns anos. Um método que consiste, todo ano, rever as despesas. Outra forma de economizar que utiliza é admitir jovens diretores, com salários menos importantes.

Diferente das empresas familiares brasileiras que têm certa consideração pelos seus recursos humanos. Homens de confiança são colocados em postos estratégicos, a exemplo de Carlos Brito, dirigente da AB InBe. Ele, Lemann, fica na sombra, um multimilionário discreto, amigo de Fernando Henrique Cardoso, mesmo se não gosta de falar política, prefere trocar ideias sobre tenis com os amigos Roger Federer ou Gustavo Kuerten.

Desconheço se paga seus impostos no Brasil, se tem uma fundação para financiar atividades culturais ou outras... Enfim, qual é a relação dele com as pessoas, com suas pátrias, com o Homem, assim mesmo, com “H” maiúsculo. Se tem ou não problemas de consciência quando, para emagresser uma empresa demite sem contar, podendo deixar muiita gente na rua, com dificuldades de tabalho num mundo que conta cada vez mais desempregados.

Será que ele se perguna o que é importante na vida quando se levanta?

Bom final de semana

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