O tempo que passa

  • Mazé Torquato Chotil
O tempo que passa

Sexta-feira novamente! Gosto dos finais de semana, mas constato que o tempo voa. A semana termina e meu sentimento é que ela começou ontem. Sentimento de falta de tempo é a idade que o traz? Em todo caso, estou sempre correndo atrás do dele.

Estou cada vez mais sensível ao tempo, ao fato que não terei mais 50 outros anos daqui pra frente. Agora é contagem regressiva, escolher melhor o uso do tempo que nos é atribuído. Penso também nos que já estão mais avançados. Nos meus vizinhos, por exemplo, que tiveram a oportunidade de se aposentar numa época que era possível fazê-lo antes dos 60 anos. Não são ricos, mas todos os dois trabalharam. Gostando de viajar, fizeram não sei quantas vezes o tour du monde. Agora, passados pela barreira dos 85 anos, deixaram de visitar outros países, fazem descobertas mais próximas, no território francês. Me disseram, outro dia, que viajam muito... em Paris. Escolhem uma destinação, pegam o ônibus e seus guias em formato livro e partem para as descobertas. Visitam no período da manhã, almoçam por lá mesmo, continuam os passeios pela tarde e quando o cansaço chega, pegam um outro ônibus de volta!

Velhos, não mortos, sempre curiosos. Mesmo se fisicamente diminuídos. Penso na minha tia da Angélica que a vi numa foto no face postado por uma neta, ontem, mostrando-a rumo à Fortaleza, rever a família em seu lugar de nascimento, no sul do Estado, Aurora. Vai voltar 15 dias depois, após viver muitas emoções e ter a memória repleta de imagens de gente querida.

Penso no vô Francisco que já partiu para as estrelas há muitos anos. Conheci-o com a vó Antônia quando chegaram pelas bandas do Mato Grosso do Sul vindos do seu Ceará querido em busca do calor da companhia dos filhos, já que não tinha forças para trabalhar e nem filhos para ajudá-lo lá. Conheci-o em Glória de Dourados, pelos meus 10 anos. Gostava de ouvir suas histórias nordestinas, da família e de um mundo que não conhecia. Ele ia me dando vontade de conhecer este universo que me parecia mágico nas suas histórias. Inclusive porque meus outros avós por lá viviam.

Vô Francisco tinha, por muitas vezes, o que acontece com pessoas de sua idade, os olhos lacrimejantes. Uma vez, depois de me contar uma história acontecida no seu Ceará, me abraçou com emoção e força.

Bom final de semana