Os canais franceses: do trasporte de mercadorias ao de turistas

  • Mazé Torquato Chotil
Os canais franceses: do trasporte de mercadorias ao de turistas

Um dos mais velhos canais franceses tem 350 anos e é o segundo do país, construído entre 1666 e 1681, se chama “Canal de midi”, localizado no sudeste do país, criado sob o reinado de Henrique IV, com 240 quilômetros ligando a cidade de Toulouse a de Sète, no Mar Mediterrâneo. Passa por inúmeros vilarejos, cidades, regiões, é um patrimônio importantíssimo, razão pela qual foi declarado, há 20 anos, patrimônio mundial pela Unesco.

Quando vi o canal parisiense, aqui perto de casa, o Canal de l’Ourcq, pela primeira vez, pensei que fosse algo que existia! Não! Os canais foram criados pelo homem. Fizeram o buraco, isolaram com pedras ou outro material e encontram a forma de colocar água dentro e poder transportar produtos de um lado para outro, com maior facilidade. Sim, porque naquela época não existia eletricidade, nem motor. O transporte era feito por carroças puxadas por cavalos. A ideia do canal é que uma barca sobre a água, puxada por cavalos ou bois, ao lado do canal, pode tirar muito mais peso, muitas mercadorias, como na foto:

Depois do Canal du midi, outro, de 193 km foi construído para ligar Toulouse ao atlântico pelo rio Garonne, o Canal de dois mares, « Le Canal des Deux Mers ». No total, existem mais de 120 canais no país, inclusive alguns ligando-se com canais alemãos.

Mas no começo do século 19, surgiu o trem que começou a transportar também mercadorias e os canais começam a sofrer a concorrência. Os barcos para transporte de mercadorias, chamados de “péniches”, aposentam os cavalos nos anos 1930, quando são equipados de motores.

Nos anos 1990, a concorrência com os outros meios de transporte quase paralisou o trafego de barcos nos canais franceses que encontram outro meio de existir: o turismo. Um turismo diferente, de pessoas que querem retornar a um ritmo de outrora. Hoje, cerca de 50.000 pessoas navegam em cerca de 450 barcos de locação no Calal du midi.

Nas suas margens, pode-se passear, a pé, de bicicleta, visitar vilarejos, igrejas, museus.... descobrir paisagens formidáveis. Para organizar a viagem, o canal tem um site http://www.plan-canal-du-midi.com/ em 9 línguas, infelizmente falta o português, com certeza porque ainda não existem muitos turistas que falam a língua.

Nestes últmos tempos o canal está buscando novas formas de adminsitração entre o Estado, os municípios por onde passa a fim de melhor administrar o bem público e respeitar as condições de patrimônio fixadas pela Unesco. Ele tem tido um problema com as árvores que o cercam de um lado e de outro de suas margens, com uma praga de fungos, razão pela qual, sem tratamento existente, elas estão sendo cortadas e substituídas por outros tipos de árvores.

Muitas pessoas e instituições são conscientes da necessidade que temos da utilização do patrimônio de forma durável, a fim de transmitir às populações futuras da melhor forma. Razão pela qual um trabalho importante esta sendo desenvolvido de forma que as populações e os turistas possam aproveitar de sua paisagem, do seu patrimônio preservando-o, pois é possível desenvolver atividades econômicas, repeitando-o.

A instituição VNF - Voies Navigables de France está se reorganizando, como disse, com o Estado, regiões e municípios por onde o canal passa, de forma a obter os 220 bilhões de euros necessários, num período de 20 anos, aos trabalhos de reparação para manter o patrimônio. Enquanto isso, milhares de hotéis e comerciantes vivem com as possibilidades turísticas que o canal propõe. Entre outros, 25 barcos-hotel, as « péniches” onde 31.000 noites são lotadas pelos turistas.

Olha só uma das paisagens que se vê navegando ou passeando pelas margens do canal. Não é bárbaro?

Bom final de semana!

 

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.