Paris em luto: novo ataque dos fous de dieu “loucos de deus”

  • Mazé Torquato Chotil
Paris em luto: novo ataque dos fous de dieu “loucos de deus”

Mais de 129 mortos e 350 feridos na sexta-feira 13 de novembro, causados pelos atentados sangrentos nos bairros do Leste parisiense e na cidade vizinha, Saint Denis, onde está localizado o Estádio Stade de France. O segundo ataque do ano, após o de Charlie Hebdo em janeiro. Reivindicado pelo EI – Estado Islâmico, também conhecido por ISIS e Daesh. Decidido na Síria, planificado na Belgica e realizado na França.

Tragédia, grande emoção, três dias de luto por ataques que visaram o povo francês em bares, restaurantes, casa de show com a intenção de intimidar uma França em guerra na Síria, Iraque e outros países da África. Barbárie. Povo em luto, recebendo a solidariedade do mundo inteiro que maldiz os fanáticos religiosos que detestam a alegria de viver dos franceses cujas mulheres vivem maritalmente sem serem necessariamente casadas, num país ateu, sem dogmas de religiões, sem dar importância a uma possível vida após a morte; um povo capaz de gozar de si mesmo, de prelados como de políticos, e tem como divisa “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Visado pelos jihadistas porque, juntamente com os americanos, russos... está em guerra contra o Estado Islâmico comandante dos ataques de Paris, mas também o de Beirute (Líbano), Ancara (Turquia), Bagdá (Iraque), o avião russo no Sinai (Egito), para citar somente alguns.

A população sofre as consequências. Não pôde manifestar nas ruas por proibição das autoridades que têm medo de novos ataques. Empresas, instituições devem estar vigilantes, assim como toda a população. Escolas não têm, por enquanto, direito de deixar sair seus alunos para visitas ou viagens escolares.

Mas Paris volta ao “normal” no começo da semana, reabre seus museus, seus restaurantes, tenta levar a vida de todos os dias após tantas mortes. Para sua segurança, mais policiais e membros do exército foram requisitados e guardam as ruas da cidade. Por trás dos bastidores, o que a gente não vê, uma guerra de um novo tipo, no mundo virtual, à procura de pistas dos radicais. Em todo caso, uma guerra que custa caro num momento de cofres vazios.

A França tem cerca de 7.000 militares em operações no exterior e mais de 3.000 homens em bases no estrangeiro, compreendendo marinheiros no mar. Participa da operação « Chammal » junto com as forças armadas iraquianas, americanas e russas na luta contra o grupo terrorista na Síria, no Iraque, mas também no Oeste africano contra os grupos terroristas armados que tentam se juntar ao EI: Al Qaeda, Boko Haram... Participa com homens, armas e redes de informações. Por outro lado, fala-se de 10.000 jovens radicalizados que matam, supostamente, em nome de Alá.

As respostas da comunidade mundial face a situação? Os membros do G20, reunidos no final de semana na Turquia, apoiaram a guerrra contra a violência do EI. De forma que na Síria, a coalisão em guerra procedeu novos bombardeamentos visando terminais de petróleo e de gás que fornecem recursos ao grupo, com a intenção de acabar com a direção de Daesh. Também fazem parte de financiamento desses grupos o tráfico de armas, de droga e de obras de arte.

A ameaça de novos atentados é real. Porém a França mantém a realização da COP 21 e das eleições regionais em dezembro, face a esta guerra nas portas da Europa que levou milhares de imigrantes em direção do norte nestes últimos tempos.

Como viver juntos, em paz, neste mundo que se transformou numa aldeia global? Com suas idéias de liberdade, igualdade e fraternidade, laico, portanto sem ter Deus como resposta a tudo, se pergunta muitos franceses? Como não deixar penetrar em seu solo o obscurantismo de grupos que querem regras da idade média num mundo moderno?

As autoridades pedem para que não se confunda islamismo e terrorismo. Porém, a direita radical é contra a imigração que no passado trouxe portugueses, espanhois e italianos, muito bem integrados, com origens religiosas semelhantes; a imigração da África do norte têm a religião muçulmana e uma cultura bem diferentes. E muito de seus filhos se radicalizaram. Frágeis, desempregados ou não, muitas vezes consumiram drogas no passado, se tornam presas fáceis nas mãos de Daesh, se transformam em “loucos de deus”, integristas radicais. Só na França calcula-se que 10.000 pessoas foram para a Síria ou outros países para se formar e voltar doutrinados e atacar o povo do país onde nasceram ou foram acolhidos, e até se explodir em nome de Alá, como foi o caso.

Como impedir essas radicalizações? Os europeus têm tido dificuldades. A integração parece ser a chave. Ela deve dar as condições e exigir que toda pessoa que deseja integrar a sociedade francesa, respeite os valores do país, fale a língua, participe da sociedade... que tenham direitos, mas também deveres.

Na luta contra o financiamento do terrorismo, medidas foram tomadas no sentido de melhor conhecer as informações, comparando os diferentes arquivos existentes na Europa e no mundo: de passageiros europeus; o chamado « S », como segurança, com nomes de 10.000 pessoas radicalizadas; e o do Tracfin que cuida de pessoas implicadas em lavagem de dinheiro.

A França aumenta o número de vagas na polícia, na justiça e quer uma revisão da constituição para consolidar o estado de urgência, com medidas para facilitar a perda de nacionalidade, expulsões e a legítima defesa. Por outro lado também coopera com os Estados Unidos na luta contra as redes de jihadistas.

Muitos desejam que a comunidade européia feche suas portas aos imigrandes em tempo de crise e de desemprego. Aliás, alguns países construíram barreiras físicas para impedí-los de passar. Por questões econômicas mas também por diferenças culturais.

Assim a questão é: como cortar o mal pela raiz, ou seja impedir a radicalização? Que todos tenham condições de trabalho, de salário, de estudo e possam viver nos seus próprios países? A construção da paz é necesssária.

 

Mazé Torquato Chotil

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