Bispo de Dourados, diz que escolha de novo papa indicará grande abertura da igreja

bispo exemplifica a abertura com a questão do divórcio, que é proibido pelo Vaticano

Com início do conclave, os mais de 1,2 bilhão de católicos espalhados pelo mundo aguardam a escolha do novo Papa. Somente em Mato Grosso do Sul, 1,5 milhão da população declara seguir a religião, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Soma-se à escolha do pontífice o desafio de convencer os católicos a não ignorar os ensinamentos e a pressão para que a Igreja "se modernize", conforme explica Dom Redovino Rizzardo, da Arquidiocese de Dourados (MS).

Para Rizzardo, a renúncia do Papa Bento XVI indica um gesto "profético". "Fica a impressão de que a igreja também vai rever muita coisa, assim como tem feito ao longo desses anos", diz. O bispo exemplifica a abertura com a questão do divórcio, que é proibido pelo Vaticano, dizendo que, hoje, o objetivo da Igreja é valorizar e acolher todos os fieis.

"Aqueles que querem ser católicos, ser cristãos, mas desejam o segundo casamento, serão acolhidos e valorizados por nós. Antigamente, quase todas as pessoas se casavam por pressão da família, ou por causa de uma gravidez. Esses tipos de casamentos não são válidos diante de Deus, e hoje a Igreja reconhece que ele pode se casar novamente", afirma Rizzardo.

Ele explica que, com a Pastoral da Segunda União, presente em grande parte das dioceses, hoje o casamento de divorciados pode ser aprovado na Igreja.

A questão é pertinente para o Mato Grosso do Sul e Campo Grande, já que, ao mesmo tempo que conta com maioria católica, o segundo maior percentual (5,34%) de divorciados entre as capitais do País pertence a Capital, enquanto o Estado é o terceiro com maior, com 4,07%, tambémconforme o IBGE.

No entanto, o bispo pondera que, junto com a abertura, o trabalho de conscientização dos jovens quanto ao matrimônio perante Deus foi intensificado.

Quanto às diversas polêmicas que envolvem o catolicismo, como a ciência versus religião, a ordenação de mulheres, e o casamento homossexual, Rizzardo defende que, acima de tudo, a Igreja deve manter a sua identidade. "A Igreja vai se abrir, mas, antes de mais nada, segue uma doutrina fundamentada no evangelho", afirma.

Para isso, será feita uma manutenção da fé cristã para que os católicos mantenham-se na religião, explica o bispo. Assim como em todo o Brasil, o número de católicos no Estado foi reduzido. Paralelamente, observou-se crescimento da população evangélica, que passou de 15,4% para 22,2% em 10 anos. "Acredito que a ascensão de outras religiões nos países da América Latina pode trazer certa preferência por um papa latino", conclui Rizzardo.