Defesa sugere ‘ciúme patológico’ e pede perícia em homem que matou ex-mulher

Acusado de feminicídio por atirar contra a cabeça da vítima na frente de um filho do casal em Dourados, Edson pode ter ficado cego de ciúme, segundo advogados

Edson foi preso no dia seguinte ao crime, quando pretendia fugir para Mato Grosso, segundo a denúncia do MPE (Foto: Adilson Domingos)
Edson foi preso no dia seguinte ao crime, quando pretendia fugir para Mato Grosso, segundo a denúncia do MPE (Foto: Adilson Domingos)

Advogados de Edson Aparecido de Oliveira Rosa, de 35 anos, querem que ele seja submetido a uma perícia médica para mensurar o grau de lucidez do dele quando matou sua ex-mulher, Yara Macedo dos Santos, então com 30 anos. Cometido na frente de um filho do casal, de 14 anos, o crime ocorreu na tarde de 25 de junho, no cruzamento das Ruas México com Colômbia, no Parque das Nações I, em Dourados. 

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Preso no dia seguinte ao crime, em Sidrolândia, de onde pretendia fugir para Mato Grosso, Edson foi denunciado pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) por feminicídio. A denúncia recebida dia 23 de julho pela 3ª Vara Criminal também agravantes ao crime, como motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e posse de arma de fogo. Três familiares dele são acusados de ajudar a esconder o revólver antes do assassinato e na fuga posterior.

Yara morreu após ser baleada com um tiro na cabeça (Foto: Arquivo pessoal)
Yara morreu após ser baleada com um tiro na cabeça (Foto: Arquivo pessoal)
Contudo, a defesa prévia do réu apresentada na segunda-feira (6) pede a realização de perícia médica para “mensurar o grau de lucidez do acusado à época do cometimento do crime”. "Considerando que no presente caso, pode ter o acusado cometido o crime ao qual está sendo imputado, conduzido sob a influência de forte emoção ou paixão, fato que poderá se constatar redução do juízo de culpabilidade, requer a defesa, seja designado perícia para apurar se houve ação pelo agente acometido de ‘violenta emoção’ ou logo após injusta provocação da vítima”, pontuam seus advogados.

Caso a Justiça nomeie um perito para esse exame de sanidade mental, sete questões a serem respondidas já foram propostas pelos defensores de Edson.  

“Numa perspectiva psiquiátrica, qual a diferença entre o ciúme normal e o ciúme patológico? Quando do cometimento do crime, o avaliado estava acometido pela Síndrome de Otelo? O avaliado chegou a pensar em suicídio após o cometimento do crime de homicídio? O sentimento de ciúme, se presente no avaliado quando do cometimento do crime, estava dentro da normalidade (num contexto interpessoal, entre o sujeito e o objeto), ou se enquadrava como ciúme relacionado ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo (seria intrapessoal, só dentro do sujeito)?”, são as quatro primeiras questões.

Os advogados também propõem que a perícia médica responda: “O Transtorno do Espectro Obsessivo Compulsivo está contido no rol de enfermidades psiquiátricas? Pode se incluir o Ciúme Patológico em tal lista? O efeito perturbador da paixão no mecanismo psíquico, pode reduzir a capacidade de resistência psíquica, constituída por representações éticas e jurídicas, a grau inferior ao estado normal?”.

Ao final, por consideraram haver “a possibilidade de que no momento do crime, o acusado estivesse cego, como se houvesse tido um lapso mental, fatos que somente poderão ser esclarecidos mediante a análise de um expert”,  os advogados do réu questionam: “Poderia se inserir a figura do acusado em situação de semi-imputabilidade regulada pelo parágrafo único do art. 26 , e na necessidade de tratamento ambulatorial regulado pelo Art. 96 , ambos dispositivos do Código Penal?”.

Vítima chegou a ser socorrida pelo Samu, mas não resistiu aos ferimentos e morreu (Foto: Sidnei Bronka)
Vítima chegou a ser socorrida pelo Samu, mas não resistiu aos ferimentos e morreu (Foto: Sidnei Bronka)

DENÚNCIA

Quando apresentou a denúncia, o promotor Élcio D'Angelo, em substituição legal na 15ª Promotoria de Justiça de Dourados, embasou sua acusação nos depoimentos colhidos na fase do inquérito policial.

Casado com Yara por 15 anos, Edson utilizou um revólver calibre 38 para disparar contra a cabeça dela, conforme MPE. Antes, a agrediu fisicamente. Tudo aconteceu na frente de um dos quatro filhos do casal, de apenas 14 anos, que ainda buscou evitar a tragédia lançando contra o próprio pai um pedaço de pau. Desesperado após o disparo que não conseguiu impedir, esse adolescente ainda derrubou o autor da moto utilizada na fuga.

A Promotoria de Justiça pede que pesem contra Edson agravantes. “As evidências produzidas são de que o acusado praticou o crime por motivo torpe, uma vez que nutria um sentimento exacerbado de posse em relação à ex-esposa e não aceitava o término do relacionamento”, relata, indicando que a vítima tinha contra o autor uma medida protetiva imposta pela Justiça em decorrência de ameaças que sofria.

O MPE também aponta recurso que dificultou a defesa da vítima. Com os depoimentos colhidos durante o inquérito policial, aponta que Edson desferiu socos contra Yara antes de sacar a arma e atirar. A posse de arma de fogo também é apontada pela acusação como qualificadora para aumentar eventual pena estabelecida em condenação judicial. 

Comentários
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  • cristiane

    cristiane

    Gente é serio isso?
    Agora assassinato se resume em colocar o agressor assassino como doente de amor, e a vitima como culpada por ele amar tanto ela que foi até capaz de matar
    sacanagem hem!

  • santos

    santos

    Se ele estava cego, como conseguiu acertar o tiro? E como depois fugiu? E depois foi pego lá em Sidrolândia, na rodoviária.

  • Camila

    Camila

    Esse advogado tinha é que ter vergonha de defender um homem deste , se assim posso chamar pq de homem esse louco idiota não tem nada

  • Nils

    Nils

    Esse aí tem q passa e por uma cadeira elétrica .