Educadores acusam prefeita de reduzir salários e retirar direitos da categoria

Antes de acusação feita pelo Simted, prefeitura já havia divulgado matéria na qual considera inoportuna insurgência da categoria

Prefeita Délia Razuk afirma que momento de dificuldade financeira para o município é inoportuno para eventual greve de educadores (Foto: A. Frota)
Prefeita Délia Razuk afirma que momento de dificuldade financeira para o município é inoportuno para eventual greve de educadores (Foto: A. Frota)

Em nota distribuída à imprensa na tarde desta terça-feira (15), o Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados) acusa a prefeita Délia Razuk (PR) de ter "adotado uma política de retirar direitos dos trabalhadores" e informa que professores e servidores administrativos da Educação "esperam o cumprimento de reajustes salariais desde o mês de abril, data base da categoria". Já a prefeitura afirma que essa categoria está promovendo uma insurgência inoportuna (veja mais abaixo).

"Dando continuidade ao processo de precarização, o Governo Municipal reduziu o salário dos/as professores/as, pagando somente Nível 1 para a suplência e contratações", diz o sindicato.

A nota explica que "a suplência destina aulas complementares aos professores efetivos e a contratação possibilita aulas para docentes que não possuem vínculo com a administração, ambas para suprir necessidades de substituição em vagas puras, quando existentes".

E para a categoria, desta maneira prefeita "está ignorando a escolaridade, formação e capacitação de professores/as que trabalham na Rede Pública Municipal de Ensino. Um retrocesso que preocupa a categoria".

Sobre o corte do Difícil Acesso, o Simted afirma que "por meio de uma Comunicação Interna, a Prefeitura de Dourados comunicou às escolas dos distritos que não irá pagar o Difícil Acesso aos profissionais da Educação sob regime de contratação".

Nesse caso, a entidade explica que "o Difícil Acesso é uma condição fundamental para que os/as trabalhadores/as possam se deslocar para prestar serviços em unidades de ensino localizadas em distritos e localidades afastadas".

"A medida autoritária da prefeita prejudica, além dos/as trabalhadores/as, a organização das escolas nos distritos, que passam a ter dificuldades em garantir professores/as com disposição para viajar longas distâncias, diariamente, com recursos próprios, após terem seus salários diminuídos", queixa-se a entidade sindical, declarando ainda que "o corte afeta a subsistência dos/as servidores/as, que ficam com os salários achatados e sem condições de trabalho". 

INSURGÊNCIA INOPORTUNA 

Também hoje, a Prefeitura de Dourados divulgou matéria institucional intitulada "Délia diz que apesar das dificuldades econômicas, gestão consegue avançar". "As dificuldades econômicas pelas quais passa a prefeitura de Dourados e a tomada de medidas de contenção como forma de buscar o equilíbrio financeiro têm motivado visitas de membros da administração municipal a entidades e instituições do município para esclarecimentos e explanações sobre as ações, do presente e para o futuro", declara a prefeitura.

Especificamente sobre custos salariais, a administração municipal cita "fenômeno dos impactos financeiros que os PCCRs (Planos de Cargos, Carreira e Remuneração) dos servidores da Educação, Guarda Municipal e Procuradoria-Geral do Município causaram na folha de pagamento da prefeitura, hoje com déficit de R$ 59,6 milhões".

"Somente na Educação, são R$ 2,794 milhões. Do orçamento total hoje, 50% são direcionados à Educação, 30% à Saúde e os 20% restantes aos demais setores", detalha.  Sobre estagiários na Educação, a prefeitura informou que 850 deles acresciam a folha salarial em R$ 572 mil e cita "uma redistribuição" que reduziu para aproximadamente 600 o número de estagiários, "reduzindo-se também a carga horária da maioria".

A citar palestra feita pela prefeita Délia Razuk e pelo assessor especial Alexandre Mantovani para "cerca de 60 membros de uma loja maçônica da cidade" na segunda-feira (14), a prefeitura cita que "sobre a negociação salarial com servidores da Educação, que ameaçam deflagrar greve a partir desta quarta-feira, os gestores explicaram que 'se houver greve não será por falta de negociação e clareza nas exposições da administração'".

Por fim, a administração municipal diz reconhecer "a insurgência dos educadores como legítima, porém, inoportuna, diante da realidade econômica do município, que não permite atender, nesse momento, as reivindicações da categoria".

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.
  • Ailton morais

    Ailton morais

    Falar em não pagar o direito de difícil acesso dos professores é fácil,falar em rever o PCCR dos adms e guardas municipais também é fácil,isso sem contar o corte dos estágiarios....agora falar em cortar,reduzir,exonerar os cargos de comissão que é uma verdadeira troca de favores....isso ninguém fala...