Em Dourados, 2017 foi ano difícil para pacientes renais, cardíacos e com câncer

Retrospectiva 2017: crise na saúde pública no município afetou principalmente áreas de oncologia, nefrologia e cardíaca

Crise na saúde pública em 2017 afetou principalmente pacientes renais, cardíacos e com câncer em Dourados (Foto: A. Frota)
Crise na saúde pública em 2017 afetou principalmente pacientes renais, cardíacos e com câncer em Dourados (Foto: A. Frota)

Pacientes com doenças renais, cardíacas e câncer tiveram um 2017 mais difícil do que deveria ser em Dourados. Numa retrospectiva do que aconteceu neste ano, a 94FM apurou que além da luta contra seus problemas de saúde, essas pessoas ainda tiveram que enfrentar sérios desafios na busca por atendimento na rede pública, afetada por uma crise sem precedentes.

Na área de oncologia, o fim do vínculo entre o município e o Hospital Evangélico trouxe incertezas para pacientes com câncer. Vencedor da licitação de R$ 21.207.666,00 para assumir a prestação desses serviços, o grupo composto por Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul) e CTCD (Centro de Tratamento de Câncer Dourados) não dispôs da estrutura adequada justamente quando ela seria mais necessária.

ONCOLOGIA

Embora a Prefeitura de Dourados tenha anunciado que o atendimento oncológico seria assumido por esse grupo a partir de 14 de julho, pacientes antes atendidos no HE (Hospital Evangélico) levaram um susto ao procurarem por atendimento na Cassems e no CTCD - empresa que atuava no Hospital do Câncer mediante contrato com a Associação Beneficente Douradense, entidade mantenedora do HE.

Somente no dia 18 de julho a Secretaria Municipal de Saúde distribuiu informativo à imprensa reconhecendo que as duas novas contratadas (pelos R$ 21 milhões) ainda não dispunham da estrutura adequada e que poderiam levar até 180 dias para promoverem essa adequação, conforme prevê o contrato. Por isso, garantiu que o HE manteria o tratamento de seus pacientes até a alta médica, além de apontar o Hospital da Vida para novas internações.

Nesse intervalo de tempo, contudo, de 14 a 18 de julho, o MPE (Ministério Público Estadual) foi acionado por pacientes assustados. Em ofícios que integram o inquérito e obtidos pela 94FM, há relatos de pessoas que já haviam sido orientadas no próprio HE a procurarem pelos novos prestadores de serviço oncológico, mas receberam negativas de atendimento nesses locais. Houve até caso de paciente que buscou tratamento em Cascavel, no Paraná.

CARDIOVASCULAR

Na área cardiovascular, Dourados perdeu sua única equipe médica que prestava atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Descontentes com questões contratuais, os profissionais que atendiam no Hospital Evangélico decidiram mudar-se para o Paraná.

Mais uma vez, coube ao MPE intervir. Os promotores de Justiça Izonildo Gonçalves de Assunção Júnior, Ricardo Rotunno e Etéocles Brito Mendonça Dias Junior ingressaram no Judiciário com pedido para que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Dourados promovessem, imediatamente, a reativação dos serviços médicos de alta complexidade em cirurgia cardíaca e cirurgia vascular, de urgência e emergência e eletivas na cidade.

Essa ação foi tomada depois que os promotores descobriram que pacientes com urgência/emergência em cirurgia vascular estavam sendo encaminhados pela Associação Beneficente Douradense - Hospital Evangélico de Dourados, entidade conveniada pelo SUS para oferecer o atendimento adequado, para o Hospital da Vida, o qual não possui condições físicas e técnicas para cirurgia de alta complexidade na especialidade.

RENAIS

No caso de pacientes renais, houve um susto no início deste mês de dezembro. Um grupo procurou o vereador Marçal Filho (PSDB) logo após saber que a prefeitura havia paralisado o transporte para quem precisa fazer hemodiálise em outros municípios. Após uma séria de informações desencontradas vindas da administração municipal, que indicam até mesmo que o serviço fora interrompido por falta de dinheiro para consertar as vans, o parlamentar precisou agir.

Na manhã do dia 12 de dezembro Marçal Filho ligou para a prefeita Délia Razuk (PR) na busca de solucionar essa questão. Nessa mesma oportunidade recebeu da mandatária a promessa de que o transporte dos pacientes renais que precisam de tratamento em outros municípios vai continuar.

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