Juiz manda suspender cobrança do estacionamento rotativo em Dourados

Cobranças para quem estacionar na Zona Azul devem ser imediatamente paralisadas, segundo juiz (André Bento)
Cobranças para quem estacionar na Zona Azul devem ser imediatamente paralisadas, segundo juiz (André Bento)

Despacho proferido na tarde desta quinta-feira (14) pelo juiz José Domingues Filho determina a imediata suspensão do contrato de concessão do estacionamento rotativo em Dourados. O magistrado, titular da 6ª Vara Cível da Comarca, estabelece ainda que as cobranças de parquímetro aos usuários da Zona Azul sejam paralisadas.

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Essa decisão judicial atende em parte a pedido feito pelo MPE (Ministério Público Estadual), que acusa uma série de irregularidades no contrato entre o Município de Dourados e a Explora Participações em Tecnologia e Sistema da Informação Ltda, empresa apresentada como EXP Parking e que venceu a licitação para explorar a cobrança de parquímetro na Zona Azul da cidade por 10 anos.

Através de Ação Civil Pública que tramita sob o número 0802925-61.2016.8.12.0002, os promotores Ricardo Rotunno e Etéocles Brito Mendonça Dias Júnior, titulares das 10ª e 16ª promotorias, respectivamente, pedem também que os valores pagos pelos usuários desde que o parquímetro recomeçou a ser cobrado, no dia 14 de março, sejam devolvidos.

No entanto, a decisão judicial desta quinta-feira não julgou todo o processo. O despacho do magistrado refere-se somente à tutela de urgência solicitada pelo MPE, que pede a suspensão imediata do contrato de concessão e paralisação das cobranças.

Após densa argumentação, o magistrado sentenciou: “DEFIRO o pleito de tutela de urgência para o fim de determinar 'a suspensão imediata do contrato de concessão n. 01/2016/DL/PMD, bem como de seus efeitos, notadamente a paralisação da cobrança aos usuários pela prestação do serviço concedido' até final julgamento da causa posta em juízo”.

Tanto o município quanto a EXP Parking poderão recorrer.

Cobrança fracionada

Em trecho do despacho no qual determina a suspensão imediata das cobranças de parquímetro, o juiz José Domingues Filho dedica atenção especial à cobrança mínima de 30 minutos de estacionamento por R$ 1,00, um dos pontos que mais gerou queixas da população e que integra parte da denúncia oferecida pelo MPE.

Para o magistrado, “a imposição da fração mínima de 30 minutos de estacionamento, com cobrança do preço de R$ 1,00 (um real), independentemente da efetiva utilização da vaga pública pela integralidade desse tempo”, pode significar, “em tese a violação de regra consumerista, porquanto cobra quantum sem correspondência ao locado”.

O juiz lembra que “é direito básico do consumidor a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral (CDC, art. 6º, X). Tudo sem olvidar a proteção aos interesses econômicos do consumidor, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, objetivos da Política Nacional das Relações de Consumo, em atenção ao princípio da vulnerabilidade do consumidor e do equilíbrio de tal relação (CDC, art. 4º, I, III e VI)”.

Essas foram algumas das considerações que levaram o juiz titular da 6ª Vara Cível a determinar a suspensão imediata do contrato de concessão e paralisação das cobranças. Para ele, “a manutenção da vigência do contrato em testilha gera inevitável prejuízo ao consumidor e risco ao resultado útil da ação civil pública, acaso procedente ao final. Isso porque haverá o recolhimento da tarifação mínima imposta aos consumidores, sem meios de comprovação da efetiva utilização da vaga, o que inviabilizará a restituição do pagamento indevido na forma do parágrafo único do art. 22, do CDC”.

*Matéria editada às 15h56 para acréscimo de informações.

Comentários
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  • vanderval Queirfoz Vieira

    vanderval Queirfoz Vieira

    É absurdo e ilegal a cobrança de estacionamento rotativo com amparo em bens de uso comum do povo assim definido na legislação pátria, e pior, não tem o Município estrutura necessária e adequada para tal mister, haja vista que o agente cobrador nunca está no local do estacionamento, obrigando o contribuinte/usuário a ficar procurando encontrá-lo, causando perda de precioso tempo e prejuízo nos seus afazeres.

  • Anonimo

    Anonimo

    Isso é verdade da maior trabalho para achar um monitor azul, o sistema tem que ser igual o antigo de botom, só gasta o tempo q fica na vaga depois vc pega devolta o restante do credito!!!!

  • jose lopes alves

    jose lopes alves

    Como pode um órgão público dar concessão para explorar um serviço sem nenhuma contrapartida, pior colocar cobranças em locais de risco como nos fundos do shopping, onde para estacionar e um risco, pois o trânsito fica parado para condutor estacionar, oras teriam que melhorar o trânsito e criar vagas as suas expensas, pelo contrário cobram e ainda causa riscos de acidente. Outra coisa gravíssimo do trânsito de Dourados semáforo não há qualquer sinalização para pedestres, verifiquem os semáforos novos da hayel, aproveitem a oportunidade MP e verifique também. Ótima atitude da justiça.

  • Claudete Boza

    Claudete Boza

    É a máfia das multas.
    O parquimetro de Dourados além de ser o mais caro não tem bilhetinho para vender e não os vê somente a multa e para acha los e regularizar é difícil. O que querem é geral multa de R$ 10,00 e a multa principal de R$ 110,00.
    Eles nem vendem na rua o monitor e muitos não saber lidar com a internet.
    É uma manobra de arrecadação e cansaço para o usuário.

  • Kleber

    Kleber

    Todos pagamos o IPVA no começo do ano que diz ser arrecadado para melhoria do asfalto ok
    Então o asfalto é público sendo assim é "nosso" por direito.
    Aí você tem que pagar pra estacionar em uma via pública que é feita com seu próprio dinheiro...????
    Alguém explica ou eu tô precisando toma algum remédio 🤔

  • Everton Gaúna Albarenga

    Everton Gaúna Albarenga

    E a taxa mínima da água de 70 reais?

  • Flavio

    Flavio

    Isso e vdd os monitores só aparece quando agente não está mais esperando eles e pra que serve essa cobrança sendo que eles não responsabiliza pelos danos nos carros que acontece

  • Altino Aires da Silva

    Altino Aires da Silva

    A cobrança de 1,00 é insignificante, mas o mais dificil é encontrar os monitores para pagar, pois nenhum estabelecimento comercial vende o tiket, o usuário fica esperando e o monitor não apareçe, e ao retornar é surpreendido por uma multa.