No Cachoeirinha, moradores sofrem com os frequentes alagamentos

Casas construídas próximas às margens do córrego Água Boa poderão ser desapropriadas pela prefeitura de Dourados-MS

  • Alexandre Duarte

Devido às intensas chuvas dos últimos dias, os moradores do bairro Cachoeirinha, em Dourados-MS, sofrem com alagamentos e com o esgoto entupido. Situação é mais crítica nas residências construídas às margens do córrego Água Boa, que transborda sempre que chove forte na cidade.

Uma das prejudicadas, a comerciária Gisele Gonçalves Carvalho, 27 anos, moradora da Rua Uirapuru, conta o drama que passou na noite de sexta para sábado, quando teve sua casa tomada pelas águas. “Eu acordei umas 23h30 e a água já estava quase cobrindo a minha cama. Eu fiquei muito assustada, nunca tinha visto isso. Passei a noite inteira tentando salvar o que sobrou, perdi quase tudo, dos móveis não sobrou quase nada, até o notebook molhou”, relatou.

Gisele explica que mora no local desde setembro de 2012, paga R$ 400,00 de aluguel, mas nenhum vizinho e muito menos o dono do imóvel avisou sobre o risco de inundação. Ela explicou que ainda não calculou o tamanho do prejuízo com os móveis e eletrodomésticos que perdeu. “Agora não sei nem para onde ir, o que sobrou eu levei para a casa do meu tio”, disse.

Esgoto

Mas os moradores do Cachoeirinha não sofrem apenas com a inundação decorrente do transbordamento dos córregos, outro problema é o alagamento gerado pelo esgoto. A costureira Nilza Soares, moradora no bairro desde o início dos anos 90, conta que o problema começou no ano passado, quando foi inaugurado o asfalto e o esgoto.

“Era melhor a gente ter ficado sem asfalto e esgoto, pois agora a coisa está feia por aqui. O esgoto foi mau feito e toda vez que chove toda a merda volta para dentro das casas. O esgoto simplesmente mina pelo vazo, pela pia, pelo tanque, pela caixa de gordura, não tem o que fazer”, reclamou.

Outro morador que não quis se identificar, disse que a origem do problema está na profundidade da vala cavaca para abrigar o esgoto. “Fizeram uma vala de dava no máximo um metro, tinha que ser pelo menos uns três, ai disse jeito é muito raso e a água suja volta para dentro das casas. Essa obra do esgoto foi uma verdadeira zona, era um monte de bêbado sem nenhuma orientação que trabalhava, eles até vendiam o cimento da obra”, complementou.

Prefeitura

A redação da 94FM conversou com a secretaria de assistência social, Ledi Ferla, que explicou que medidas emergências já estão sendo tomadas para atender a população afetada pelos alagamentos. “Já compramos colchões, kits de limpeza e cestas básicas para atender a população. Sabemos que essa não é a solução, mas é uma medida emergencial que podemos tomar agora antes de encontrar uma solução definitiva”, disse.

Já Antônio Cruz, da Secretaria de Habitação, disse que a administração municipal irá desapropriar as residências construídas em áreas de ricos, mas em contrapartida, os moradores que serão desalojados irão receber outra moradia. “Vamos fazer tudo certo do ponto de vista judicial para resolvermos o problema. Primeiro vamos fazer um estudo, um laudo, provando que as construções próximas à margem do córrego são irregulares e com muito risco. Em seguida, os cidadãos que moram nessas áreas irão receber outra moradia, doada pela prefeitura”, detalhou.

Ainda conforme Antônio Cruz, os ribeirinhos que futuramente terão suas residências desapropriadas, terão preferência e não precisarão entrar na fila de espera por casas populares.

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