Sob protestos, Murilo concede reajuste menor que o esperado e professores mantém greve

Salário base dos professores municipais de Dourados subiu de R$ 1.451,00 para R$ 1.567,00, um aumento de 7,97%

  • Alexandre Duarte

Com o plenário lotado e sob uma saraivada de protestos, na noite de ontem (23) vereadores aprovaram por unanimidade o reajuste salarial dos professores da rede municipal de ensino de Dourados-MS. O projeto de autoria do prefeito Murilo Zauith (PSB-MS) foi votado em regime de urgência.

Mesmo demonstrando um nítido desagrado, a oposição explicou que não poderia votar contra um aumento, mas reiterou o apoio a categoria. Professores pediram incessantemente o adiamento da votação, mas não foram atendidos pela casa.

O aumento de 7,97% vai totalmente contra a proposta idealizada pelos professores. Segundo João Azevedo, presidente do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados), a categoria propõe que o atual piso de 40h seja aplicado para 20h, porém, em um prazo de quatro anos, de modo a não onerar a folha de pagamento da prefeitura e manter o cumprimento da lei de responsabilidade fiscal.

Antes do frustrante acréscimo, o piso salarial dos professores de Dourados ocupava a 58ª posição no ranking estadual. Com o reajuste subiu para a 25ª colocação, ainda atrás de municípios menores, como Fátima do Sul (22ª), Juti (18ª) e Naviraí (04ª). Em primeiro lugar fica Corumbá, onde os professores recebem R$ 2.456,00 por 40h.

Ainda conforme o presidente do sindicato, a proposta enviada pelo prefeito e aprovada na câmara, apenas fez com o que o município cumprisse a lei e colocasse o piso dentro do mínimo estabelecido pelo governo federal. “O prefeito esperou até os 48 do segundo tempo e mesmo assim mandou uma proposta bem aquém do esperado. Ele fez isso na véspera da paralisação, para usar como álibi e tentar colocar a população contra os educadores, dizendo que entramos de greve mesmo após recebermos aumento”, reiterou.

Protestos

Já a vice-presidente do Simted, a professora Gleice Jane Barbosa, reiterou que os profissionais da educação vão manter os protestos marcados para esta quarta-feira (24). Às 07h30 os manifestantes estarão em frente ao fórum e às 15h irão seguir para a praça Antônio João.

“Nós protocolamos oito ofícios no gabinete do prefeito, solicitando um diálogo aberto com o executivo, mas não fomos atendidos. Na última reunião que tivemos o prefeito, ele explicou a situação alegando que ele e os educadores estavam de relações cortadas”, complementou Gleice.

O novo manifesto dos professores não pede apenas um reajuste salarial adequado. A classe também se queixa da falta da 1/3 hora atividade, que já está em vigor em outras localidades, como Campo Grande; Corumbá; Naviraí; Paranaíba; Paranhos, entre outros. O retorno de programas de extensão como o PAE (Programa de Aceleração Escolar) e a reativação das salas de tecnologia, também estão na pauta das reivindicações.