Uniforme do Paraguai que gerou polêmica na Capital é o mesmo entregue por Zauith

Uniformes distribuídos pela Prefeitura de Dourados aos estudantes da rede municipal de ensino foram produzidos... (André Bento)
Uniformes distribuídos pela Prefeitura de Dourados aos estudantes da rede municipal de ensino foram produzidos... (André Bento)

A entrega de uniformes fabricados no Paraguai para estudantes da rede municipal de ensino de Campo Grande gerou polêmica. Pais criticam a qualidade dos itens distribuídos pela prefeitura e até o MPE (Ministério Público Estadual) pediu apuração rigorosa sobre os fatos. Embora não tenha chamado tanta atenção quanto o gestor da Capital, o prefeito de Dourados, Murilo Zauith (PSB), recorreu à mesma fornecedora, que também importou material do país vizinho, para atender os estudantes douradenses.

A exemplo do ocorrido na Capital, a Nilcatex Textil Ltda foi uma das empresas que venceu a licitação para fornecimento de uniformes e materiais escolares.

Dessa mesma empresa, a Prefeitura de Dourados fez a “aquisição de uniformes e materiais escolares para distribuição gratuita aos alunos da Rede Municipal de Ensino”. O contrato, assinado no dia 4 de janeiro deste ano, totalizou R$ 725.680,00 (setecentos e vinte e cinco mil e seiscentos e oitenta reais), mas só teve o extrato publicado em uma edição suplementar do Diário Oficial do Município do dia 29 daquele mês.

No entanto, a 94FM apurou que o total pago pela prefeitura de 4 a 29 de janeiro deste ano a essa fornecedora foi de R$ 1.408.270,12. Os números constam no Portal da Transparência da administração municipal. Outros R$ 1.453.924,78 foram pagos à NKS Importações e Exportações Indústria e Comércio de Calçados Ltda.

Reprovado na avaliação de transparência do MPF (Ministério Público Federal), o site da Prefeitura de Dourados omite as atas relativas às licitações. Por isso, não foi possível ter acesso a quais lotes cada empresa ficou responsável pelo fornecimento.

Mas pelo que a 94FM apurou, coube à Nicaltex fornecer os moletons. É justamente esse material que foi produzido no Paraguai e importado pela empresa fornecedora, conforme descrito nas etiquetas das roupas. Trata-se de situação semelhante àquela que gerou polêmica em Campo Grande, inclusive com intervenção do MPE.

Quando licitou os itens para o Kit Escolar, a gestão Zauith estabeleceu em edital que seria vedada participação na concorrência a empresas “estrangeiras e que não funcionem no Brasil”. No entanto, inscrita sob o CNPJ 95.948.618/0001-94, a Nicaltex tem sede em Blumenau, Santa Catarina.

Conforme a imprensa da Capital, essa empresa é alvo de investigações tanto no Estado quanto em outras regiões do Brasil por suspeita de estar envolvida em esquemas de fraude e superfaturamento. Autoridades investigam um cartel ao qual deram a denominação de máfia dos uniformes.

A exemplo do que ocorre em Campo Grande, em Dourados, essa empresa tem vencido os processos de licitação referentes ao fornecimento de uniformes e materiais escolares pelo menos desde 2013. Desde então, Nicaltex e NKS têm sido seguidamente as escolhidas pela gestão Zauith para atender estudantes matriculados na rede municipal de ensino.

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