Inflação medida pelo IGP-10 sobe 3,51% em novembro

No ano, indicador acumula alta de 21,76%

  • Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV) subiu 3,51% em novembro. No mês anterior, tinha ficado em 3,2%. No ano, o indicador acumula alta de 21,76% e de 23,82% em 12 meses. No mesmo mês do ano passado, o IGP-10 registrou alta de 0,19% e acumulava elevação de 3,33% em 12 meses. A taxa acumulada nos 12 meses pelo IGP-10 foi a maior desde julho de 2003, quando o índice subiu 26,36%.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) teve alta de 4,59%, enquanto no mês anterior tinha ficado em 4,06%. O coordenador dos Índices de Preços, André Braz, lembrou que o indicador é o que mais pesa entre os índices que compõem o IGP-10. “É o que acumula maior taxa em 12 meses. Com esse resultado, 33,04% de alta, superando muito o IPC que em 12 meses subiu 4,18% e o Índice de Nacional de Custos da Construção que em 12 meses subiu 7,36%”, disse Braz.

De acordo com o Ibre, na análise por estágios de processamento, os preços dos bens finais subiram de 2,66% para 2,94% entre outubro e novembro. O subgrupo alimentos in natura foi responsável pela maior pressão, ao passar de 4,93% para 10,85% entre os dois meses. O índice relativo a bens finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, variou 2,31% em novembro, percentual menor que em outubro, quando tinha registrado 2,82%.

Outro resultado que aumentou foi o do grupo bens intermediários, saindo de 3,40% em outubro para 4,23% em novembro. O maior impacto partiu do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, que passou de uma queda de 6,19% para elevação de 3,64%. O índice de Bens Intermediários (ex), após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, teve variação de 4,31% em novembro. Em outubro tinha sido de 4,78%.

Houve alta também no índice do grupo matérias-primas brutas. Neste mês ficou em 6,19%, enquanto em outubro era de 5,77%. As principais contribuições para esse avanço partiram dos seguintes itens: milho em grão (9,16% para 20,85%), soja em grão (13,96% para 13,87%), trigo (-0,13% para 16,54%) e algodão em caroço (7,39% para 21,50%). Em sentido descendente, os movimentos mais relevantes ocorreram nos itens arroz em casca (19,79% para 0,94%), leite in natura (5,98% para -0,15%) e minério de ferro (-0,44% para -1,40%).

Braz destacou que nesse grupo estão também as principais proteínas como as carnes bovinas, suínas e de aves, de onde parte a maior pressão no índice de preços ao produtor, que movimenta as taxas de outros estágios de processamento dos bens intermediários e bens finais, e acabam integrando esse indicador, que é o principal dentro do IGP-M.

Tendência

De acordo com o coordenador, as matérias-primas brutas seguem em alta, influenciadas pelo câmbio e pelo aumento das exportações para a China. Braz afirmou que a taxa de câmbio pressiona tanto no aumento das exportações, por tornar o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional, quanto no encarecimento desses produtos. “O câmbio pode favorecer a balança comercial de um lado, mas desfavorece a inflação de outro, encarecendo produtos que servem de matéria-prima para a produção de itens que chegam às gôndolas dos supermercados e ao consumo das famílias. Se a soja fica mais cara, ela influencia o óleo de soja. Se o milho fica mais caro, influencia a carne de frango que a dona de casa compra no supermercado”.

Braz disse ainda que o encarecimento das principais commodities, entendidas como matérias-primas brutas, acaba influenciando os produtos que os consumidores encontram nos supermercados e é de onde nasce toda a pressão inflacionária. “O que vem mais influenciando esse comportamento é tanto a nossa moeda desvalorizada frente ao dólar, quanto o aumento de preços em dólar de algumas commodities. Os dois efeitos juntos acabam contribuindo paraa  alta de preços das matérias-primas, com consequência nos preços finais”, observou.

IPCO 

Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou menos em novembro (0,55%). Em outubro, havia apresentado taxa de 0,98%. Quatro das oito classes de despesa componentes do índice registraram recuo nas suas taxas de variação. O destaque ficou com o grupo educação, leitura e recreação, que saiu de 4,11% para 0,40%. Ainda nessa classe de despesas, houve destaque para o item passagem aérea, que passou de 54,11% para 3,03%. “Pela contribuição de aumentos menores em arroz, óleo de soja e passagem aérea, o IPC apresentou recuo expressivo em sua taxa de variação nessa edição do IGP-10”, acrescentou o coordenador.

Outras variações menores foram anotadas nos grupos alimentação (2,10% para 1,54%), habitação (0,40% para 0,25%) e despesas diversas (0,20% para -0,04%). As maiores influências nessas classes de despesa partiram dos laticínios (2,82% para -0,35%), tarifa de eletricidade residencial (0,19% para -0,04%) e conserto de aparelho telefônico celular (0,99% para -0,47%).

Em sentido contrário, os grupos transportes (0,43% para 0,66%), vestuário (0,11% para 0,27%) e saúde e cuidados pessoais (0,07% para 0,08%) apresentaram alta nas taxas de variação. As principais contribuições nessa movimentação foram nos itens gasolina (0,76% para 1,28%), roupas (0,12% para 0,23%) e artigos de higiene e cuidado pessoal (-0,03% para 0,18%).

O grupo comunicação ficou estável e repetiu a taxa do outubro (0,06%). Em sentido ascendente destaca-se o item combo de telefonia, internet e TV por assinatura (0,01% para 0,09%) e em sentido descendente, mensalidade para TV por assinatura (0,03% para -0,21%).

INCCO 

Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) voltou a subir 1,51%, a mesma taxa do mês anterior. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de outubro para novembro: materiais e equipamentos (3,83% para 3,47%), serviços (0,39% para 0,57%) e mão de obra (0,07% para 0,24%). O coordenador disse que com esse resultado o Índice Nacional de Custo da Construção acumula, em 12 meses, alta de 7,36%. “O equilíbrio e a manutenção da taxa vieram da contribuição da mão de obra, que sai de alta de 0,07% para 0,24% em novembro. Esse acréscimo da mão de obra compensou a leve desaceleração de materiais, equipamentos e serviços, fazendo com que a taxa do INCC permanecesse em patamar idêntico ao registrado em outubro, 1,51%”, completou.


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