Para desespero de pacientes, em abril medicamentos vão subir até 7%

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Ideia do governo é fazer com que mais medicamentos tenham o menor reajuste de preço (Caroline Maldonado)
Ideia do governo é fazer com que mais medicamentos tenham o menor reajuste de preço (Caroline Maldonado)

O Ministério da Saúde divulga na terça-feira (31) o reajuste do preço máximo dos medicamentos e as farmácias estimam alta entre 5% e 7%, embora o ministro Arthur Chioro tenha adiantado que o índice será menor em relação ao do ano passado, que foi de 6%, pois o governo usará nova regra para calcular e estabelecer o percentual a fim de manter o aumento abaixo da inflação.

A ideia do governo é fazer com que mais medicamentos tenham menor alta de preço. Do total, apenas 21,57% terão o maior reajuste, enquanto 51,73% terão menor índice de alteração, segundo o ministério.

O proprietário de uma drogaria em Campo Grande, Sidney Paulo Miyashiro, acredita que o reajuste deve ficar no mesmo patamar do aplicado no ano passado e, dificilmente, os custos vão ser reduzidos para o consumidor. “Acho que pode ter um aumento igual ao anterior ou maior, de até 7%, pelo fato da alta do dólar”, comentou o farmacêutico, ao lembrar a cotação da moeda norte-americana, que disparou nas últimas semanas e chega a R$ 3,16, influenciando na compra de produtos importados.

Se o preço máximo não subir muito, os farmacêuticos garantem que adotarão a medida e não vão reduzir descontos. O subgerente de outra drogaria na Capital, Anderson Pereira Sales, destaca que, sendo baixo ou alto o reajuste, não fará muita diferença para as farmácias de rede. “Caso não aumente muito o preço máximo, a opção é buscar laboratórios que forneçam uma linha de produtos mais em conta. Para as farmácias de rede é mais fácil, não deve ter grandes impactos. Se cair muito o preço máximo vai ser mais difícil para as drogarias pequenas”, comenta ele, que estima reajuste de, no máximo 5%, com base no que informaram os fornecedores.

Mesmo com as estimativas pessimistas, Marilene Medeiros, 51 anos, tem esperança na medida do governo para reduzir os custos da família com medicamentos, que chega a R$ 1,5 mil por mês. Ela é do lar e o esposo, de 61 anos, tem DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Os medicamentos comprometem 20% da renda do casal. “Um único remédio custa R$ 270 e com o desconto sai pela metade. Ainda assim, fica caro. Então, tenho esperanças que reduza o preço e as farmácias mantenham, porque eu gasto uma fortuna com medicamentos”.

No ramo farmacêutico há 32 anos, Walmir Felix lembra que quando os preços determinados pelo governo oscilavam, as farmácias diminuíam os descontos para não ter prejuízo, mas agora isso não acontece. “Antigamente tinha isso, porque as farmácias eram pequenas, mas agora são grandes redes, que não trabalham com estoque e sim com produtos de giro”, explica.

Os descontos para remédios de uso contínuo ficam em torno de 21,1% e alguns chegam a 60%, nas farmácias. Esse é o grupo de remédios usado no tratamento de doenças crônicas e ou degenerativas, para o qual o reajuste deve ser dos menores.

Novo cálculo – Segundo o Ministério da Saúde, os três níveis de reajuste de preço são definidos conforme a concorrência dos grupos de mercados, classificados como não concentrados, moderadamente concentrados e altamente concentrados.

Será ampliado o grupo autorizado a fazer o menor reajuste de preço, porque o novo cálculo adotará modelo internacional para a medição do poder de mercado individual de empresas ou grupos econômicos, o IHH (Índice Herfindahl-Hirschman). Com a nova medida, também será considerado o mercado como um todo, não somente o varejista e pela primeira vez serão incluídas as vendas hospitalares e compras públicas.

O percentual de reajuste será divulgado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos na terça-feira (31), após a publicação oficial do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), como prevê a regra. O índice aponta a inflação no país.

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