Segundo o FMI, cada habitante do planeta deve US$ 21,7 mil

Crise. Eduardo Amat, professor da Fumec, diz que pior do que ter dívida é não saber administrá-la (Foto: Moisés Silva)
Crise. Eduardo Amat, professor da Fumec, diz que pior do que ter dívida é não saber administrá-la (Foto: Moisés Silva)

Não é só o brasileiro que está devendo. O endividamento total do mundo é recorde e segue crescendo, conforme o último relatório Monitor Fiscal divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A dívida de setores não financeiros – empresas, governos e famílias – cresceu fortemente e chegou, hoje, a US$ 152 trilhões, o equivalente a 225% do Produto Interno Bruto (PIB) nominal do mundo em um ano. Se esse débito fosse dividido pela população mundial, que está na casa de 7 bilhões de pessoas, cada habitante teria uma dívida de US$ 21.714.

E dívida alta representa preocupação, em especial no Brasil, onde as taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro são elevadas, além dos impactos no investimento e geração de empregos.

Embora a taxa básica de juros do país, a Selic, esteja em 12,25%, na prática, os juros para pessoa física cobrados pelos bancos, financeiras e operadoras de cartão são bem mais elevados. O rotativo do cartão de crédito, que é motivo para dores de cabeça de muitos brasileiros, tem taxa média de juros de 15,56% ao mês, equivalente a 467,14% ao ano, conforme o último levantamento feito pelo Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas (Fundação Ipead). “Taxas de juros nesse patamar não existem em qualquer outro lugar no mundo. Nenhum investimento ou aplicação financeira consegue rendimentos na casa dos 400% ao ano”, observa o professor de economia da Universidade Fumec Eduardo Amat.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o Federal Reserve (Fed, o “Banco Central” norte-americano) elevou as taxas de juros do país em 0,25 ponto percentual. Dessa forma, elas estão num intervalo entre 0,75% e 1%.

Em razão dos juros elevados no Brasil, o professor de finanças do Ibmec/MG Ricardo Couto aconselha cautela na hora de usar o crédito, em especial, os mais caros do mercado, como cartão de crédito e cheque especial. “É necessário pensar bem antes de gastar, ainda mais em épocas de crise”, afirma o professor.

Ainda de acordo com o estudo do FMI, dois terços da dívida mundial, ou US$ 100 trilhões, são de empresas privadas.

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