Assistência religiosa ajuda na ressocialização de detentos em MS

A maior dificuldade é conseguir a reinserção social do detento quando ele conquista a liberdade

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A assistência religiosa é realidade em Mato Grosso do Sul por meio de agentes de diferentes denominações, que levam palavras de amor e fé aos custodiados, possibilitando que eles reflitam e acreditem em uma nova vida longe da criminalidade.

Conforme informações da Divisão de Promoção Social da Agência Estadual de Administração Penitenciária (Agepen), somente na Capital cerca de 80 agentes religiosos atuam em presídios. São pelo menos dez diferentes denominações entre católicos, protestantes e espíritas que desenvolvem trabalhos nesses locais.

Como parte das ações desenvolvidas por esses grupos religiosos, trinta e três reeducandos foram batizados durante uma cerimônia religiosa, realizada na semana passada, promovida pela Igreja Assembleia de Deus Mato Grosso do Sul no Instituto Penal de Campo Grande. No presídio, quatro celas são específicas para grupos evangélicos, que correspondem a cerca de 30% do total de presos.

Responsável pela cerimônia, o pastor Claudionor Trindade de Jesus Silva revelou que o trabalho que hoje desenvolve é fruto de uma experiência que viveu “na própria carne” quando esteve preso. “Esse evangelho me transformou e hoje estou devolvendo aquilo que eu recebi”, comentou.

Para o pastor Marcos Ricci, da 1ª Igreja Batista, que também participou da cerimônia, levar palavra de Deus a quem está encarcerado é uma missão importante. Há cerca de 20 atuando junto aos encarcerados ele destaca que a maior dificuldade é conseguir a reinserção social do detento quando ele conquista a liberdade. Com esse foco, há 11 anos a Igreja Batista, sob sua coordenação, fundou a Associação Nova Criatura, que atende egressos do sistema penitenciário. No local, além de receberem assistência material e documentos, os beneficiados também são encaminhados para o mercado de trabalho.

Preso há quase dois anos no instituto penal por tráfico de drogas, o brasiliense W. P S., de 29 anos, foi um dos batizados. Ele ressaltou que participar do grupo religioso dentro da unidade prisional o tranquiliza, ameniza a saudade da família e faz refletir sobre os erros cometidos no passado. “Percebi que o tráfico é uma ilusão, um dia você está de Hillux e no outro não tem um sabonete para tomar banho. Quero recomeçar com a esperança e o conforto que a palavra de Deus está me dando”, afirmou.

O reeducando J.A.L, de 28 anos, também afirmou que está encontrando na religião a esperança para um recomeço. Há pouco mais de um ano no Instituto Penal, há quatro meses se converteu e vê no batismo a materialização dessa conversão. “Nasci dentro as igreja, mas mudei o rumo da minha história. Mas, mesmo que você se desvia, os escolhidos Deus traz de volta. Achei que era ruim quando vim para cá, mas percebi que foi uma forma de eu me reconciliar com Deus e seguir o caminho da paz e tranquilidade, com força e determinação. A fé me dá forças para perseverar e paciência para esperar”, disse.

A cerimônia de Batismo, segundo o diretor da unidade penal, Erani Antônio Boeno, representa o comprometimento do Sistema Penitenciário com a assistência religiosa, que tem se mostrado uma das iniciativas mais eficazes no processo de ressocialização. Boeno enfatizou também que a participação em grupos religiosos contribui para a disciplina dos detentos. “É notável a mudança, não temos problemas com uso de coisas proibidas, eles cuidam mais da higiene e têm bom comportamento”, afirmou.