Experiência de jornalista em comitiva pantaneira vira livro que será lançado na Capital

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Experiência de jornalista em comitiva pantaneira vira livro que será lançado na Capital

A experiência da repórter Débora Alves, ao ter vivido 12 dias dormindo em rede, tomando água de rio, chuva e embaixo de sol quente será contada no livro “Viagem a Bordo das Comitivas Pantaneiras”. Com lançamento marcado para esta quinta-feira (11), a partir das 19 horas, a obra revela a vida dos homens do Pantanal.

A obra foi tese de mestrado da autora e virou livro-reportagem por meio do Fundo de Investimentos Culturais (FIC), da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS). Para escrevê-lo, Débora ficou quase duas semanas ao lado da Comitiva Nova Esperança.

Ela revela que a vivência fez com que enxergasse a realidade pantaneira de outra forma. “Mudou a visão que eu tinha, principalmente, em relação ao homem pantaneiro. Eles são muito sábios. Tem uma sabedoria inata, um conhecimento da região que é incrível. Se eu fosse solta no Pantanal e me perdesse dificilmente eu me encontraria. Eles conhecem tudo como a palma da mão”, diz.

O aprendizado, que vem da lida do campo também é passado de pai para filho, e ensina esses homens coisas simples, que podem salvar vidas. “Umas passagens curiosas foi em relação à água. Fomos em uma época de muita seca e bebíamos água de açude. O tereré servia para filtrar essa água. Eles também falavam muito para eu ter cuidado com as abelhas zoropas. Um dia antes, um tratorista tinha sido atacado e só sobreviveu porque tinham outras pessoas que o socorreram”, relata.

O conhecimento também passa pela medicina. Débora diz que cada planta do Pantanal, os peões sabem para quem serve e em que ocasião pode ser usada.

Todas essas vivências, a realidade dos peões que passam meses fora de casa é contada com cuidado no livro, que tem 192 páginas e rico material fotográfico.

Segundo a autora, umas das coisas que mais lhe chamou a atenção é a força e a responsabilidade do peão pantaneiro. “A jornada é pesada e pode ultrapassar dez horas por dia. Eles dependem da luz do sol, acordam cedo, ainda na madrugada, por volta das 4h30, tomam café, buscam a tropa, arrumam as tralhas e seguem viagem com o gado. A pausa para o almoço dura uma hora e já tem que seguir a marcha, porque os animais precisam ser recolhidos no mangueiro ou em local seguro antes do anoitecer”, recorda.

O trabalho das comitivas pantaneiras é rústico, pontua, e extremamente necessário para os produtores rurais, sobretudo no Pantanal, por questões econômicas e de logística. Porque embora as rodovias estejam repletas de caminhões boiadeiros, para muitos fazendeiros o uso da comitiva é a única alternativa no manejo. Os regimes de cheia e seca, próprios da planície pantaneira, tornam o trabalho imprescindível para não haver prejuízos com a perda do rebanho.

Satisfeita com a obra, Débora ainda recorda que muitos duvidaram que ela daria conta da empreitada. “Quando propus acompanhar uma comitiva, teve gente que não acreditou que eu iria aguentar a rotina dura, sem o conforto de casa, além disso, sendo a única mulher da comitiva, em meio a sete peões. Mas o Pantanal sempre me fascinou. Não pensei, em nenhum momento, em desistir e hoje posso dizer que foi uma das experiências mais importantes da minha vida”, finaliza.

Serviço

O livro-reportagem “Viagem a bordo das comitivas pantaneiras” será lançado no dia 11 de dezembro, a partir das 19 horas, no Firula´s Café, que fica na Rua Euclides da Cunha, 1.102, no Bairro Jardim dos Estados, em Campo Grande.

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