Finalista do Miss Detenta conta que não queria ser candidata para não enfrentar preconceitos

  • Midia Max

Ela tem apenas 20 anos, olhos castanhos, cabelo comprido e uma beleza que chama a atenção. A jovem até poderia ser modelo, estar em capas de revistas, mas as escolhas erradas que fez na vida a levaram para a prisão. Hellen Moraes conta que nunca pensou em participar de concursos de beleza, muito menos em estar presa. Mas, em um minuto de bobeira, aceitou carregar uma mala cheia de drogas e acabou detida.

Finalista do Concurso Miss Penitenciária, Hellen conta que está há cinco meses no presídio feminino Irmã Zorzi, no bairro Coronel Antonino, em Campo Grande, e não tem ideia de quando irá sair. Já que seu processo nem começou a ser julgado.

A jovem, que enfrenta nesta quinta-feira (28) as vencedoras das etapas de Três Lagoas, Jateí, Rio Brilhante, São Gabriel do Oeste, Ponta Porã e Corumbá, conta que apesar de estar ansiosa e desejar ser escolhida relutou para participar do concurso. “Não queria ter minha história estampada. As pessoas virem que estou presa. O preconceito com quem está aqui dentro é muito grande”, diz.

Sem ficar se lamentando, Hellen diz apenas que não é fácil ser presidiária, que os julgamentos são constantes e que sabe das dificuldades que irá enfrentar quando sair dali. Mas, apesar da escolha errada, não se mostra triste e diz que quando sair da prisão irá retomar a vida.

Ela revela que foi pega na primeira vez em que traficou. Hellen conta que morava com uma garota e que esta jovem tinha amizades com gente do tráfico. Um dia a menina a convidou para viajar carregando malas com drogas. Elas caíram no aeroporto e para surpresa dela, diz, a garota era menor e além do tráfico ela foi enquadrada por ‘aliciamento de menor’. “Eu nem sabia que ela era menor. Fiquei sabendo ali, quando fui pega. Agora tenho que responder”, diz.

Mas, enquanto o processo não acontece e ela precisa seguir onde está, busca encontrar caminhos para viver bem. E "esse é o maior intuito do Miss Detenta", diz a diretora do presídio Irmã Zorzo, Marijane Boleti Carrilho. Ela conta que o evento ajuda na socialização das detentas, resgate da autoestima e faz com que elas se deem mais valor. “As internas se envolvem. Isso é bom para a autoestima, para evitar o estresse, a depressão. Tanto que o desfile é esperado o ano inteiro pelas meninas”, revela.

Hellen confirma. A jovem conta que o dia do desfile é um dia especial, de festa no presídio. Lembrando da etapa Campo Grande, na qual foi vencedora, conta que foi um dia alegre e festivo e a etapa final está sendo esperada ainda com mais ansiedade por todas. “Está todo mundo aguardando. Vai ser nesta quinta-feira”, diz.

Para enfrentar as concorrentes, ela conta que está se preparando e cuidando a balança. “Fico nervosa e não paro de comer, mas, para a minha sorte, emagreci um quilo já”, comemora.

Das concorrentes, ela viu apenas a de Três Lagoas, em uma matéria na TV nesta terça-feira. “Não conheço nenhuma delas. Não sei como elas são”, explana.

Sem saber se vai ser fácil ou difícil, lembra que terá a sorte de disputar em casa e que pelo menos a torcida está garantida. “Quando disputei aqui, as meninas só me falaram que torceram por mim depois, para não gerar ciúmes, diz. Agora, vou ter todo mundo me apoiando”, comemora.

As candidatas concorrerão ao título de mulher mais bonita das cadeias públicas do Estado nesta quinta-feira (28), no Estabelecimento Penal Feminino Irmã Zorzi, a partir das 13h30, em uma passarela de concurso de beleza. As concorrentes serão avaliadas nos quesitos beleza, simpatia, postura, elegância e desenvoltura. Elas desfilarão com trajes social, country e de banho. O evento é promovido pela Agepen, em parceria com a Subsecretaria da Mulher e da Promoção da Cidadania.