Funcionários de hospitais em Campo Grande são suspeitos de ajudar golpistas do DPVAT

O acesso ao DPVAT é gratuito e pode ser feito pelo próprio beneficiário

  • MidiaMax

Golpistas aguardam na porta dos hospitais em Campo Grande para enganar parentes de acidentados e vítimas de acidentes de trânsito. Os atravessadores prometem facilidades para dar entrada no Seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre) e, para isso, convencem as pessoas a pagaram até 30% do valor recebido.

O acesso ao DPVAT é gratuito e pode ser feito pelo próprio beneficiário. Outra suspeita seria de que funcionários dos hospitais fariam parte do esquema e forneceriam dados de contato dos acidentados para o golpe.

Quem quase caiu foi o filho de 22 anos da cabeleireira Dalva Antunes. Ele se acidentou de moto e ao sair com o braço engessado da Santa Casa foi abordado por um senhor que prometeu a liberação do seguro mais rápida, caso o pedido fosse feito por intermédio dele.

“Eles chegaram a descobrir meu telefone, com certeza até pegaram o prontuário do meu filho, porque ele não passou meu celular, para tentar nos convencer de dar entrada por ele. A sorte é que somos informados, mas com certeza muita gente cai nesse golpe e perde 30% para eles”, confirmou Dalva.

Gratuito e individual

O DPVAT é um seguro pago junto com o IPVA para indenizar vítimas de acidentes de trânsito, sejam elas motoristas, passageiros ou pedestres, inclusive estrangeiros, mas que não cobre danos materiais.

A entrada do pedido é 100% grátis e não deve ser entregue por terceiros, sendo que o acompanhamento também deve ser feito pelo acidentado que tem direito à indenização.

A indenização do DPVAT é liberada em até 30 dias quando o pedido é feito nos pontos de atendimento autorizados, que podem ser visualizados aqui: dpvatseguro.com.br.

Segundo Ângela Amparo, assessora de relações institucionais da Seguradora Líder DPVAT, responsável pelo pagamento do DPVAT, contratar um advogado não é ilegal, mas o processo, que poderia ser facilitado administrativamente, se torna burocrático e moroso.

“Pode levar até quatro anos para liberar o seguro”, comenta. O último da seguradora mostra que em todo o Brasil 14.349 famílias já foram indenizadas por morte em 2013. Em Mato Grosso do Sul apenas 277 famílias tiveram a indenização paga.

“O baixo número se dá tanto pelo desconhecimento de como dar entrada no seguro, desconhecimento da existência do seguro e pelo prazo de recorrer ao benefício. Mas o números não representam a quantidade de acidentes que aconteceram”, afirma Ângela.

Seminários são feitos pelo Brasil para levar ao conhecimento das pessoas sobre o benefício e sobre o prazo para recorrer que é de até três anos após o acidente.

Quem tem direito?

A cobertura por morte é de até R$ 13.500,00, por acidentado, pagos a familiares ou herdeiros legais. Por invalidez, o pagamento por acidentado é pago até o mesmo valor, mas somente ao próprio acidentado.

Já as despesas médico-hospitalares também são pagar somente aos acidentados, porém o valor tem o teto de R$ 2.700,00. A pessoa em direito a dar entrada no seguro até três anos após ocorrido o acidente.

A assessoria da Santa Casa foi procurada para comentar o assunto, mas a reportagem não recebeu resposta.