Pai que matou bebê afogado vai para ala dos estupradores em presídio

Preso desde quinta-feira (19), em Campo Grande, quando confessou que afogou o filho Miguel, de dois anos, Evaldo Christyan Dias Zenteno, de 21 anos, está recebendo tratamento no sistema penal parecido com o que é dado aos estupradores, normalmente rejeitados pelos detentos e em risco constante de violência. Para evitar que seja alvo dos outros presos, Evaldo ficará em isolamento.
Identificado como estudante no auto de prisão, o rapaz está no Instituto Penal de Campo Grande, onde existe ala específica para os presos por crimes sexuais, apelidada de "Jackolândia". Existe, porém, o receio das autoridades de que mesmo nesta ala ele não seja aceito, dado tipo de crime que cometeu, contra um bebê indefeso, como apurou a reportagem.
Normalmente, todo interno tem um período de adaptação ao sistema, em torno de 30 dias. No caso de Evaldo, ainda não se sabe exatamente como vai ser feita a chamada "inclusão" dele junto à massa carcerária. Não há informação se ele divide a cela com outros presos.
Crime bárbaro - Evaldo foi preso na quinta-feira (19) por policiais do Batalhão de Choque, depois de levar o filho, já morto, para a Santa Casa de Campo Grande, e dar versões conflitantes para o que havia acontecido com a criança. Os funcionários do hospital desconfiaram e a polícia foi acionada, como é praxe em casos que gerem suspeitas de crime.
Versões mentirosas - Na sexta-feira (20), foi decretada a prisão preventiva dele e, na sequência, houve a transferência para a penitenciária de Segurança Máxima. No auto de prisão, as testemunhas revelaram mais detalhes do assassinato que provocou comoção, incluindo uma série de mentiras vindas do jovem preso.
Segundo o documento, após afogar o filho numa bacia com água, Evaldo ligou para a ex-mulher, também de 21 anos, dizendo que a criança havia morrido. A ligação foi às 16h30 da última quinta-feira (19). Evaldo estava com Miguel desde terça-feira (17) em Campo Grande. Já a ex residia com um irmão em Aquidauana. Por volta das 6h do dia do crime, a mãe ligou para saber do filho.
Evaldo, então, disse que Miguel estava bem e logo iria levá-lo de volta. Por volta das 14h, mandou uma foto do filho, aparentemente bem, sentado numa cadeira. Às 16h, o autor ligou para a ex-esposa e chorando inventou que havia sido assaltado. Contou ainda que os ladrões sequestraram Miguel e o jogaram de um carro. Depois disse que a criança tinha morrido. Foi nesse momento que, desesperada, a jovem parou de conversar com o ex e passou o celular para o irmão dela, conforme depoimentos da jovem à polícia.
Segundo ela na semana passada, Miguel estava sob os cuidados do pai em Aquidauana, quando o ex ligou contando que a criança havia caído da cama e ficado inconsciente. O garoto foi levado ao médico pela mãe e no mesmo dia recebeu alta.