Parceria do TJMS com rede de supermercados é recomeço profissional para muitos detentos

  • Assessoria/TJ-MS
Foto: Divulgação/TJ-MS
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Por meio do projeto "Oportunidade", uma parceria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul com o Grupo Pereira, diversos presos do regime semiaberto de Campo Grande são contratados para as lojas da rede de supermercados, atacados e atacarejos pertencentes ao Grupo. Para muitos detentos, a oportunidade de emprego durante o período de cumprimento de pena tem se tornado apenas o início de uma nova carreira após deixarem o presídio.

Ele cumpria pena em regime fechado desde 2016, por condenação por tráfico de drogas. Quando foi para o Centro Penal Agroindustrial da Gameleira em 2019, Marcos (nome fictício) foi indicado a uma vaga no Fort Atacadista pelo projeto e agarrou a oportunidade com todas as forças. “Eu vi que aquela era minha única chance de voltar à sociedade novamente, porque eu estava recluso da vida atual e é muito difícil se reintegrar. Então foi uma porta que se abriu e pude voltar novamente a viver em 2019”.

No ano seguinte, ele recebeu o alvará de soltura para permanecer em livramento condicional. E ele já vinha se preparando para esta nova fase, participando de cursos de manutenção de aparelhos celulares. Com o desligamento do projeto, pegou o dinheiro do acerto e investiu em seu próprio negócio, no ramo de conserto de celulares, o qual mantém até hoje.

“Toda vez que eu vejo alguém que passou pelo sistema prisional, que viveu o que eu vivi, eu sempre tento ajudar da melhor forma possível, falo da minha trajetória, explico que tudo é possível para aquele que quer realmente mudar de vida. Quando a pessoa não quer mais fazer parte do crime, ela sai mesmo, como qualquer vício”, comenta o ex-detento, que concilia o próprio negócio, deixando seu irmão de responsável, enquanto trabalha como vendedor em uma loja no centro da cidade.

Cumprindo pena também por tráfico de drogas, Gustavo Andrade Gusmão ingressou no Fort Atacadista há três anos como mais um reeducando pelo projeto "Oportunidade". Começou como repositor de mercadorias, num setor pesado da empresa, conta ele: “onde são batidos mais de 30 palets diários entre arroz, açúcar, macarrão, café, farinha, feijão, entre outros. Mas o aprender a ser forte, amar o que eu faço e suar a camisa foi o que fez eu chegar onde cheguei”.

E foi sonhando alto que ele cursou a faculdade de administração, por incentivo de sua gerência, e hoje ele é encarregado pela equipe de reposição da loja Cafezais. Muito dedicado ao trabalho, ele pretende crescer dentro do Grupo, e agradece a oportunidade de uma nova vida. “Meu sonho é ser um diretor da empresa, e se Deus permitir eu vou chegar lá. Sempre bem educado com os clientes, com os promotores, com os repositores, sempre atencioso e com visão de loja. Sempre orientando e fazendo de tudo para sair um trabalho perfeito, um trabalho bonito e um trabalho onde o cliente chega na loja e dá gosto de comprar ali”.

Grato a todos que o incentivaram e oportunizaram uma nova chance, ele promete continuar abraçando “de corpo, alma e coração todas as oportunidades de crescimento, pois nunca é tarde quando a gente quer vencer”, afirma o ex-reeducando.

Mais de 400 detentos já passaram pelo programa de ressocialização e, além de Gustavo, outros sete reeducandos egressos do projeto foram admitidos com carteira assinada pelo Grupo Pereira. Atualmente, 40 internos da Gameleira estão trabalhando por meio desta parceria.

Saiba mais – O Projeto "Oportunidade" é realizado por meio de uma parceria do Grupo Pereira com o Poder Judiciário, por meio da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande e o Conselho da Comunidade de Campo Grande, visando a contratação de reeducandos do presídio semiaberto da Gameleira. Todos recebem um salário por meio do Conselho da Comunidade.

A parceria do Tribunal de Justiça com o Grupo Pereira existe desde 2014, e foi se aprimorando ao longo dos anos, sempre pensando em atender todos os requisitos necessários, principalmente na necessidade de reintegrar o preso na sociedade, tornando-o um membro produtivo, numa nova trajetória de vida longe da criminalidade.

Em 2021, após tratativas junto à Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen/MS), ao Conselho de Comunidade de Campo Grande e à 2ª Vara de Execução Penal, o Grupo Pereira decidiu pela criação da Central de Manutenção de Carrinhos no espaço físico do presídio da Gameleira.

O serviço é desenvolvido em um galpão de 600 metros quadrados da instituição, o qual foi reformado pelos próprios detentos. No local, é realizada a manutenção dos carrinhos da rede, com a mão de obra de reeducandos da unidade.

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