50% dos homens brasileiros já traíram, diz estudo; mulheres traem menos

Os homens traem mais do que as mulheres no Brasil. Entre eles, 50,5%, admitem já terem sido infiéis em seus relacionamentos. Entre as mulheres, a traição foi admitida por 30,2%. Os dados inéditos fazem parte da pesquisa Mosaico 2.0, conduzida pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Entre homens e mulheres, a média nacional de traição é de 40,5%.
O levantamento – que é uma atualização da pesquisa Mosaico Brasil, feita em 2008 – ouviu 3 mil brasileiros de sete regiões metropolitanas do país: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Porto Alegre e Distrito Federal. Os entrevistados – 49% de mulheres e 51% de homens – tinham entre 18 e 70 anos, com média de 35,5 anos.
A disparidade entre homens e mulheres já era esperada, segundo Carmita. Ela observa que, especialmente na cultura latina, o homem costuma não considerar relações eventuais de caráter exclusivametne sexual como algo que coloque em risco seu relacionamento com a pessoa com a qual tem um projeto de vida em conjunto.
“O homem diz que isso faz parte da natureza masculina, que ele não vai abrir mão da oportunidade”, diz Camita. Enquanto isso, quando as mulheres traem, geralmente estão insatisfeitas com seu relacionamento. “Geralmente há uma insatisfação sexual ou afetiva, por isso ela se permite”, afirma a psiquiatra.
A psicóloga clínica e educadora sexual Laura Muller aponta que, em geral, existe todo um apelo à antiga repressão contra a mulher e que isso influencia na disparidade dos números. "Essa questão dos homens assumindo mais do que as mulheres, isso acontece muito em pesquisas que tem a ver com a educação sexual e com o jeito de ser de cada um. Em geral, as mulheres que viveram séculos de uma repressão sexual muito forte, gostam de falar que são quase virgens, que fazem pouco sexo. Talvez, pensando nisso, dizem que traem menos", disse.
Apesar de continuarem traindo menos que os homens, as mulheres têm mudado seu comportamento sexual nos últimos anos, segundo Carmita. “Na medida em que a mulher começa a ganhar autonomia e a ter um maior nível socioeconômico e intelectual, existe uma mudança de ordem sexual, incluindo a questão da infidelidade.”
Resultados da mesma pesquisa divulgados em junho mostram que 57,1% das mulheres acreditam que fariam sexo com alguém só por atração.