A difícil reprodução dos ursos pandas

  • Macaco Velho
A difícil reprodução dos ursos pandas

Para quem é fã de carteirinha do animal mais simpático do mundo, talvez não seja novidade ler que a espécie está em risco de extinção. Mas isso não se deve somente à intervenção do ser humano no meio ambiente. O urso panda também tem seus próprios problemas a resolver para garantir sua sobrevivência nesse mundo, principalmente em relação ao seu processo de acasalamento.

Um monte de gente vê os programas de acasalamento em cativeiro como a solução para a sobrevivência da espécie. No entanto, veterinários e pesquisadores nem sempre tiveram muito sucesso ao tentarem fazer com que pandas acasalassem. Em cativeiro, muitos pandas machos parecem estar desinteressados em acasalar ou simplesmente não parecem saber como fazer isso.

Tomemos como exemplo o casal Ling-Ling e Hsing-Hsing, os primeiros pandas a viverem nos EUA. Eles tentaram acasalar, sem sucesso, por uma década; uma vez que descobriram como funciona o “negócio”, eles tiveram cinco filhotes…mas todos morreram antes de chegarem à idade adulta.

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Na natureza, há uma intensa competição por cada fêmea, e os machos dominantes acasalam com elas várias vezes para garantirem o sucesso. E essa estratégia funciona: pandas fêmeas selvagens geralmente dão à luz a cada dois anos. Mas essa baixa taxa de natalidade significa que os programas de reprodução em cativeiro são sim essenciais para o perpetuamento da espécie ameaçada de extinção. É por isso que é sempre noticiado por todo o mundo quando uma ninhada de filhotes de panda nasce, e é pela mesma razão que especialistas ficam devastados quando um filhote morre: a reprodução do animal é extremamente difícil de ser realizada, tanto dentro dos cativeiros quanto fora deles.

Mesmo quando os pandas estão “no clima”, o tempo trabalha contra eles. Uma fêmea entra no cio apenas uma vez por ano, na primavera, por 12 a 25 dias. No entanto, ela está apenas receptiva ao acasalamento de 2 a 7 daqueles dias, e ela é só realmente fértil de 24 a 72 horas. Por ano.

Quando esse tempo passa, mais nenhuma tentativa de acasalamento funciona, e os pobres pandas terão que esperar até o próximo ano. Então, quando os cientistas não estão fazendo experiências com outros métodos para ajudar na reprodução dos ursos, como dar uma dose de Viagra ao macho ou mostrar ao par uma filmagem pornô para pandas (isso é real), muitas vezes eles utilizam a inseminação artificial como último recurso.

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Nem a inseminação artificial e nem o acasalamento tradicional garantem uma gravidez, e zoólogos devem esperar o momento propício antes que eles saibam com certeza que uma panda está grávida. Essa parte do processo também é complicada. Como muitas outras espécies, os pandas podem passar por diapausa embrionária, em que o embrião é fertilizado, mas ainda não se estabilizou na parede uterina. O embrião não pode começar a se desenvolver até que ele seja implantado lá, e por isso, mesmo quando o período de gestação ocorre em torno de 50 dias, a gravidez de uma panda pode durar por mais de 160 dias por conta da diapausa.

E como se isso tudo não fosse o suficiente, pandas fêmeas podem ter gravidez psicológica, ou pseudociese, que é quando elas não estão realmente carregando um filhote, mas apresentam o mesmo comportamento das grávidas (diminuição do apetite, lentidão, e mudanças semelhantes nos hormônios). É quase impossível distinguir entre as duas coisas, porque fetos recentemente fecundados são, muitas vezes, pequenos demais para serem vistos em um ultra-som.

Ainda assim, mesmo quando uma panda engravida e dá à luz com sucesso, o pequeno, cego e desdentado filhote – que mede aproximadamente 17cm de comprimento no momento do nascimento – pode não sobreviver.

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