Amamentação pode salvar 830 mil bebês por ano

Faltam profissionais capacitados para orientar as mães e proporcionar esse momento de amamentação logo na primeira hora de vida

  • Agência Brasil

Se todos os bebês do mundo fossem amamentados ao nascer, 830 mil vidas seriam salvas. Segundo o relatório Superfood for babies: How overcoming barriers to breastfeeding will save children's lives da organização Save the Children, divulgado segunda-feira (18), há quatro barreiras principais que impedem ou dificultam a amamentação nos primeiros momentos de vida: pressões culturais e da comunidade, falta de profissionais qualificados de saúde, falta de legislação relativa à maternidade e o apelativo marketing de substitutos do leite materno.

Muitas famílias, segundo o relatório, mantém a crença errada de que o colostro, secreção que antecede o leite, é sujo. Ao contrário, ele é rico em anticorpos que impulsionam o sistema imunológico do bebê.
Faltam também profissionais capacitados para orientar as mães e proporcionar esse momento de amamentação logo na primeira hora de vida. De acordo com o levantamento, apenas 6,7% dos nascimentos ocorrem nas maternidades dos Estados Unidos que seguem as recomendações da Organização Mundial da Saúde sobre o aleitamento materno imediato e exclusivo.

Quanto à legislação, nem todos os países têm políticas de licença maternidade e de trabalho que apoiem a amamentação. De acordo com a pesquisa, há uma pressão grande da sociedade para que a mulher volte às suas atividades domésticas e profissionais o mais rápido possível após o nascimento do bebê, o que impede a amamentação exclusiva até os seis meses.

Outro ponto emblemático é a ação das empresas que lucram cerca de 25 bilhões de dólares com a venda de fórmulas para bebês. Segundo a organização, os substitutivos são oferecidos de forma desnecessária e inadequada em muitos países. Cita, por exemplo, o caso das mulheres que vivem em países de baixa renda que, muitas vezes, não têm acesso à água limpa para preparar o leite, o que acaba se tornando um risco à saúde das crianças.

“O Save the Children acredita que as empresas que substituem o leite materno enfrentam um conflito de interesses inerente porque o seu produto rival, o leite materno, é superior em qualidade e é de graça” (em tradução livre do texto).

O Brasil é citado no relatório como um caso do sucesso impressionante. O texto aponta as campanhas de publicidade, os bancos de leite materno e o esforço do governo, iniciativa privada e organizações não governamentais como responsáveis pelo aumento no tempo de amamentação que passou de 5,5 meses em 1989 para 14 meses em 2006. O site da organização dispõe, inclusive, uma espécie de mini-documentário sobre a amamentação no Brasil.