Cientistas conseguiram deixar tecidos de ratos completamente transparentes para facilitar o diagnóstico de doenças

  • Jornal Ciência - R7
Cientistas conseguiram deixar tecidos de ratos completamente transparentes para facilitar o diagnóstico de doenças

Pesquisadores norte-americanos desenvolveram técnica especial para deixar o tecido da pele de ratos completamente transparentes, de modo que se possa ver seu organismo intacto, facilitando o descobrimento de doenças.

A experiência foi feita com ratos mortos, utilizando uma técnica especial. Primeiramente, há um bombeamento de uma série de produtos químicos através de vasos sanguíneos, envolvendo circulação pelo cérebro e medula espinhal.

Alguns produtos químicos formam uma malha para segurar o tecido no lugar, outros agem como ‘limpadores’ de gordura nos órgãos. Após quase uma semana, os ratos começam a ficar transparentes. Os cientistas podem usar manchas para destacar detalhes anatômicos, como a localização de genes ativos.

"Embora a ideia de compensação de tecidos exista há um século, este é o primeiro estudo a realizar a limpeza de todo o organismo, ao contrário do que havia sido feito anteriormente, que era preciso extrair os órgãos e limpá-los fora do corpo”, disse Vivian Grădinaru, do California Institute of Technology, que liderou a pesquisa.

"Nossa metodologia tem o potencial de acelerar todo o esforço científico para aqueles que precisam realizar o mapeamento de todo o organismo, incluindo o estudo de como os nervos e os órgãos periféricos podem afetar profundamente a cognição e o processamento mental, e vice-versa”, explicou Grădinaru.

Antes de serem tratados com os produtos químicos, os animais são submetidos a eutanásia e a pele é removida. O resultado parece um roedor feito de gelatina com os órgãos mantidos no lugar por um tecido conjuntivo e um gel utilizado no procedimento.

Ratos são pilares da pesquisa biomédica, pois grande parte de sua biologia básica é semelhante à dos seres humanos, e eles podem ser alterados de modo a simular doenças. Os cientistas têm sido capazes de fazer tecidos transparentes, em outros níveis, há mais ou menos um século, e nos últimos anos foram desenvolvidos vários novos métodos.

Esses tratamentos revelam muito mais detalhes que os raios-X ou exames de ressonância magnética. De acordo com especialistas, o novo trabalho é o primeiro a deixar um rato inteiramente transparente.

Em seu artigo para a revista Cell, a Dra. Grădinaru acredita que a técnica possa ser útil em projetos de mapeamento detalhado do sistema nervoso ou para estudar a propagação do câncer dentro de animais de laboratório. Além disso, poderia ajudar os médicos a analisar amostras de biópsia de humanos, em um futuro não muito distante.

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