Detido no Brasil suspeito de matar três mulheres em Portugal

A Polícia Federal brasileira anunciou nesta segunda-feira a detenção, em Belo Horizonte, do brasileiro suspeito de ter matado e ocultado os cadáveres de três mulheres em S. Domingos de Rana, no concelho de Cascais. Os corpos das brasileiras foram encontrados há uma semana e meia numa fossa de um hotel para cães e gatos, onde o suspeito, Dinai Gomes, trabalhou durante vários anos.
As vítimas são Michele, de 28 anos, com quem o suspeito manteve um relacionamento amoroso e que estaria grávida deste, uma sua irmã de 16 anos e a namorada desta, de 21.
"A Polícia Federal prendeu na manhã de hoje, 5, o brasileiro suspeito de ter praticado triplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver contra três brasileiras que estavam em Portugal e que haviam sido dadas como desaparecidas desde Fevereiro deste ano", diz um comunicado das autoridades brasileiras.
"O preso será encaminhado para a Penitenciária Nelson Hungria, onde permanecerá à disposição da Justiça. O homem poderá ser condenado a até 99 anos de prisão", acrescenta a mesma nota, que especifica que nesta segunda-feira foram cumpridos "um mandado de prisão temporária, um mandado de busca e apreensão na residência do suspeito e um mandado de condução coercitiva". Todos emitidos pela Justiça Federal de Belo Horizonte".
O comunicado explica ainda que polícia brasileira foi informada a 26 de Agosto pela polícia portuguesa "de que os corpos das jovens Michele Santana Ferreira, Lidiana Neves Santana e Thayane Milla Mendes Dias foram encontrados no local de trabalho/residência do suspeito em Portugal".
Michele estava há cerca de oito anos em Portugal, onde trabalhava como empregada doméstica. Em Novembro do ano passado, a irmã Lidiana veio também para Portugal e, já em Janeiro deste ano, a namorada, Thayane, seguiu-a. As três moravam num apartamento com o suspeito, a quem pertenceria o imóvel.
As autoridades brasileiras têm estado a trabalhar em articulação com a Polícia Judiciária (PJ), que continua a investigar o caso em Portugal, onde se encontram a maior parte das provas dos crimes. A Unidade Nacional de Contra-Terrorismo da PJ acredita que o motivo dos homicídios está relacionado com a necessidade de o suspeito esconder o seu relacionamento com Michele, que este até já teria pedido em casamento.
Tudo terá sido precipitado por uma viagem a Portugal de uma outra companheira do brasileiro, que vivia no Brasil e da qual tinha uma filha, precisamente em Fevereiro, o mês em que as três vítimas foram dadas como desaparecidas. A polícia recolheu indícios de que o suspeito terá mantido esse relacionamento durante os anos que esteve em Portugal, ocultando à mãe da sua filha que vivia com outra mulher em Portugal. Aliás, o suspeito, que regressou ao Brasil no final de Fevereiro, terá viajado acompanhado por essa companheira.
O facto de o Brasil não extraditar nacionais para Portugal obrigará a que o processo existente cá seja transferido para aquele país sul-americano, onde o suspeito deverá ser julgado. Mesmo assim, as autoridades brasileiras e portuguesas terão que continuar a trabalhar em conjunto, até que a investigação esteja concluída. As autópsias das vítimas já foram realizadas, mas ainda se aguardam os respectivos relatórios e os resultados de exames complementares, que ganham relevância face ao avançado estado de decomposição dos corpos.