“Em São Paulo, parece que o público assiste pelo telefone”, diz Mick Jagger

Sonho de dez entre dez jornalistas que escrevem sobre música pop, entrevistar Mick Jagger é tarefa difícil, quase impossível. Não para Luciana Gimenez. Mãe de um filho com o músico, Lucas, a apresentadora da RedeTV! já havia entrevistado o líder dos Rolling Stones à época do show anterior da banda no Brasil, em fevereiro de 2006. E repetiu a dose nesta nova excursão do grupo ao país.
A entrevista foi exibida na noite de quarta-feira (02), dentro de um “Especial Rolling Stones” do “Superpop”. Apesar do excesso de pompa, a conversa do cantor com Luciana foi boa, com alguns momentos surpreendentes.
A maior surpresa ocorreu quando a apresentadora questionou Jagger sobre os shows no Rio, São Paulo e Porto Alegre. O cantor não foi muito diplomático ao falar do público paulista. “Em São Paulo, parece que o público assiste pelo telefone. É a cidade do telefone. Parece um mar de telefones”, disse, criticando a mania dos espectadores de não desgrudarem de seus smartphones.
A entrevista durou quase 20 minutos. Jagger falou bastante sobre “Vinyl”, série de TV que idealizou e produziu, em parceria com o cineasta Martin Scorsese, para o canal HBO (no ar aos domingos, às 23h). O programa trata do mundo musical, no início da década de 70, em Nova York.
Disse que sua ideia inicial era fazer um filme, mas não vingou. Ao ver a migração de bons diretores e atores para a televisão, se animou em desenvolver o projeto com a HBO. Um dos filhos do músico, James Jagger, atua na série.
Luciana arriscou algumas perguntas sobre a vida pessoal de Jagger e ouviu que ele gosta de reunir a família toda no Natal. Aos 72 anos, tem filhos, netos e acaba de ganhar uma bisneta. Lucas é o seu filho mais novo.
Jagger também revelou o que come antes e depois dos shows (massa) e falou brevemente sobre David Bowie (1947-2016), lamentando que estivesse há algum tempo sem conversar com ele.
Antes e depois da entrevista, o “Superpop” entupiu o público com informações enciclopédicas sobre os Rolling Stones. Em seu auditório, a apresentadora recebeu Kid Vinil, Supla e Tatola, do “Encrenca”. Quatro repórteres (um exagero) foram deslocados para reportagens externas – sobre o público, os famosos, o produtor de palco e a responsável pelo bufê dos músicos.
Tatola lembrou que os Stones foram presos várias vezes no início da carreira. “Vamos abafar isso, é o pai do meu filho”, pediu Luciana. Mostrando uma foto no LP “Sticky Fingers”, de 1971, Kid Vinil observou: “Dizem que essa é a cueca do Mick''. “Não vou dizer se é a cueca do Mick'', cortou a apresentadora.
Não foi, como prometeu a RedeTV!, “um programa que vai entrar para a história”, mas foi bom e divertido. O público mais fiel do “Superpop” deve ter estranhando a ausência do deputado Jair Bolsonaro e do cantor Agnaldo Timóteo, frequentadores habituais.