Especialistas dizem que barata ultra resistente é mito

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Foto: John Obermeyer / Entomologia de Purdue
Foto: John Obermeyer / Entomologia de Purdue

Há menos de um mês, veio a público um estudo sobre baratas que sentenciava: elas estão evoluindo para se tornarem impossíveis de matar. Pesquisadores da Universidade de Purdue, dos Estados Unidos, descobriram que a barata alemã, comum em todo o planeta, já nasce resistente a produtos químicos com os quais nem sequer teve contato. Ou seja, a Blattella germanica evoluiu e desenvolveu imunidade a novos venenos.

Há menos de um mês, veio a público um estudo sobre baratasque sentenciava: elas estão evoluindo para se tornarem impossíveis de matar. Pesquisadores da Universidade de Purdue, dos Estados Unidos, descobriram que a barata alemã, comum em todo o planeta, já nasce resistente a produtos químicos com os quais nem sequer teve contato. Ou seja, a Blattella germanica evoluiu e desenvolveu imunidade a novos venenos.

— As baratas como as conhecemos hoje são muito parecidas morfologicamente com os primeiros espécimes encontrados em fósseis de milhões de anos de idade. Atualmente são mais de 4.000 espécies descritas, e poucas se adaptaram ao convívio com o homem, sendo as principais espécies sinantrópicas a Blattella germanica (barata de cozinha) e Periplaneta americana (barata de esgoto) — explica o especialista em Entomologia Urbana.

Ele lembra que a corriqueira barata alemã "tem um comportamento intradomiciliar muito acentuado e, apesar de ter asas, não voa, fazendo com que ela dependa do homem para sua dispersão para outros ambientes". Isto é, questões como falta de higiene podem auxiliar na dispersão da espécie, o que não se dá com a barata de esgoto — "esta independe do homem para sua dispersão", diz o especialista.

— As baratas, ao longo do período de evolução, vêm sendo selecionadas para sobreviver em diferentes ambientes e se alimentar de diferentes substratos. Em diversos ambientes (com diferentes alimentos) , elas acabam entrando em contato com compostos químicos semelhantes aos inseticidas comercializados atualmente. Assim sendo, quando um inseticida é lançado no mercado, já existem indivíduos resistentes a esses produtos. Com o uso frequente de inseticidas, a proporção de insetos resistentes tende a aumentar — diz Sato.

Segundo ele, no caso da barata alemã, existem 279 casos de resistência a 43 inseticidas (princípios ativos) em todo o mundo, de acordo com o Arthropod Pesticide Resistance Database, mas há poucos estudos publicados no Brasil.

— Algumas populações podem apresentar resistência múltipla, ou drjs, podem ser resistentes a vários inseticidas ao mesmo tempo — completa Sato. — O termo ultra resistente dá a impressão que as baratas são resistentes a todos os inseticidas. Algumas populações podem ser resistentes a vários inseticidas, mas não a todos.

Parte da cadeia alimentar

Marcos Potenza explica que as baratas cumprem uma função no ecossistema:

— Elas fazem parte da cadeia alimentar de várias espécies de aves, primatas, répteis, anfíbios e aracnídeos. A arquitetura achatada do corpo das baratas facilita seus movimentos de fuga na presença de predadores. Algumas espécies nativas atuam como polinizadoras.


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