Exame de sangue pode ajudar a evitar uso excessivo de antibióticos
Método poderá ajudar a identificar quando infecção é viral. Bactérias resistentes são responsáveis por dois milhões de doenças.

Um exame de sangue barato poderá dizer aos médicos se uma infecção é causada por um vírus ou por uma bactéria, ajudando a prevenir a prescrição indevida de antibióticos, disseram pesquisadores no dia de ontem (6).
O teste de diagnóstico, descrito na revista científica americana "Science Translational Medicine", está sendo desenvolvido pela Escola de Medicina da Universidade de Stanford, na Califórnia.
O novo teste, que ainda não está no mercado, funciona através da identificação de sete genes humanos cuja atividade muda durante uma infecção, e cujo padrão de atividade pode revelar se uma infecção é bacteriana ou viral.
Até agora, exames desse tipo analisavam alterações em centenas de genes, o que os torna mais custosos, de acordo com os pesquisadores.
A ideia do novo estudo surgiu a partir de uma pesquisa publicada no ano passado que mostrou "uma resposta comum do sistema imunológico humano para vários vírus que é distinta daquela para infecções bacterianas", disse o autor Purvesh Khatri, professor assistente de medicina.
Se pesquisas futuras mostrarem que o método funciona e tem um bom custo-benefício, o exame poderá ser uma ferramenta útil para prevenir o aumento de bactérias resistentes a antibióticos.
Muitas vezes, os pacientes recebem prescrições de antibióticos porque os remédios são baratos.
"Se nós realmente queremos fazer a diferença, o nosso exame tem que ter um custo-benefício melhor que o do próprio medicamento", disse Khatri.
Bactérias resistentes aos antibióticos são responsáveis por dois milhões de doenças e 23.000 mortes por ano nos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, uma em cada três prescrições de antibióticos em instalações médicas no país é desnecessária, de acordo com estudos recentes.
O uso excessivo e inadequado de antibióticos aumenta a resistência de bactérias a estas drogas, e especialistas afirmam que o fenômeno indica um cenário catastrófico onde não conseguiremos tratar diversas infecções.
O novo exame deve ser submetido a ensaios clínicas, uma vez que a maioria das pesquisas até agora tem focado em conjuntos de dados digitais pré-existentes sobre a expressão gênica de vários pacientes.
O teste de identificação de sete genes mostrou resultados precisos em amostras de sangue de 96 crianças gravemente doentes.
Antes do exame poder chegar ao mercado, ele também deve ser incorporado a um dispositivo que pode dar um resultado em uma hora ou menos, disseram os pesquisadores.