MPF confirma novo ataque contra índios em Caarapó e abre investigação

O MPF (Ministério Público Federal) divulgou nota à imprensa na qual confirma a ocorrência de um ataque contra índios em Caarapó na noite de segunda-feira (11). Conforme já noticiado pela 94 FM à ocasião, três foram baleados e acusaram a ação de pistoleiros e ruralistas vizinhos à Aldeia Te' Ýikuê. Nessa mesma região, um guarani-kaiowá morreu e seis ficaram feridos a tiros no dia 14 de junho.
Conforme o órgão federal que anuncia ser defensor constitucional dos direitos e interesses das comunidades indígenas, a Força Tarefa Avá Guarani visitou o local onde ocorreram os crimes mais recentes e ouviu índios e ruralistas.
“A ofensiva aconteceu nas proximidades da Fazenda Santa Maria, que faz divisa com a Fazenda Yvu, local do primeiro ataque”, informou o MPF. Nessa ocorrência mais recente, três índios – dois deles menores de idade - ficaram feridos e passaram por exame de corpo de delito na quarta-feira (13) em Dourados. Não foi necessário encaminhá-los ao HV (Hospital da Vida), como chegou a ser anunciado no dia seguinte ao ataque, porque os ferimentos não tiveram gravidade.
“A pedido do MPF, a Força Nacional, presente no local desde a última ofensiva contra os índios, deverá intensificar as rondas na região para evitar novos confrontos”, anunciou o órgão federal, que repudiou o novo ataque. “A violência, ocorrida há menos de um mês da morte do agente de saúde Clodioude Aguile Rodrigues dos Santos, demonstra a vulnerabilidade em que se encontram os índios e a patente necessidade de ações concretas para garantir a vida e o direito territorial dos indígenas”, destacou.
Ainda nesta mesma nota, o MPF anunciou ter ouvido testemunhas, e detalhou que “trabalhadores rurais confirmaram a passagem de caminhonetes acompanhadas de um trator/pá-carregadeira em direção à comunidade e relataram ter ouvido o tiroteio, seguido do ruído dos veículos na estrada vicinal que dá acesso aos sítios onde residem”.
Confirmando o noticiado terça-feira (12) pela 94FM, o MPF ouviu dos índios que “os agressores efetuaram disparos com armas de fogo em direção à comunidade expressando declarações racistas”. Somado ao ataque de junho, essa violência permite contabilizar um índio morto e 13 feridos, segundo a Força Tarefa Avá Guarani, “instituída pelo procurador geral da República para apurar crimes contra as comunidades indígenas de MS”.
Ainda de acordo com o MPF, “no mês passado, as investigações da FT resultaram no ajuizamento de duas denúncias contra 12 pessoas por formação de milícia armada contra os índios”.
Segundo a nota, “a Terra Indígena Dourados Amambaipegua I engloba terras de 87 propriedades rurais de Caarapó, Laguna Carapã e Amambai” e “a delimitação da área é recente, realizada há 2 meses, por portaria da Funai publicada em 13 de maio de 2016 no Diário Oficial da União”.