Para 26% dos brasileiros, homem é ‘menos homem’ se cuida dos filhos

A desigualdade de gênero se afirma no Brasil em pontos que deveriam ser tão básicos quanto ultrapassados hoje – mas que seguem simbólicos da realidade da mulher por aqui. Uma pesquisa, realizada pela Ipsos junto do Instituto Global para a Liderança Feminina do King’s College, de Londres, confirma que mais de um quarto dos brasileiros acredita com a afirmação que diz que “um homem que fica em casa para cuidar dos filhos é menos homem”.
O estudo foi feito em 27 países envolvendo 18,8 mil entrevistados – com a participação de 1 mil brasileiros entre o final de 2018 e o início de 2019. Comparativamente, o Brasil é o terceiro país do mundo que mais concorda com a ideia de que homens que ficam em casa para cuidar da família são menos homem – atrás somente da Índia, em segundo lugar, e a Coréia do Sul. Não houve grande diferença entre a opinião feminina e masculina na pesquisa.
A faixa populacional que mais concordou com a afirmação foi de pessoas em cargos de liderança ou executivos sêniors: 35% dessa faixa acreditam a paternidade ativa diminui a masculinidade de alguém. Essa opinião se reflete na realidade brasileira, visto que, segundo o IBGE, as mulheres dedicaram, em 2018, uma média de 21,3 horas de afazeres domésticos por semana – o dobro da média masculina, de cerca de 10,9 horas semanais. Pelo visto, ser menos homem é, em verdade, um sinônimo de ser um homem melhor.