Produtores entrarão em 2014 no oitavo ano de renda positiva

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A renda dos produtores brasileiros de soja em 2014 será positiva pelo oitavo ano consecutivo, “mas a lucratividade será menor que a de 2013 em função do brutal aumento dos custos da lavoura, por conta especialmente dos preços dos defensivos, que este ano são os grandes vilões dos custos altos”, avalia Flavio de França Junior, analista da empresa de consultoria Safras & Mercado.

De acordo com ele, a favor do mercado, estão as vendas antecipadas, que foram realizadas a preços remuneradores, maior tecnologia e clima positivo. “Nosso último levantamento mostra que 35% da safra nova já foi comercializada”, diz Junior, acrescentando que o perfil de preços para mercado interno em 2014 aponta para uma media próxima de R$ 48 por saca no Sul e no Sudeste, perto de R$ 58 na época da colheita. “O País avança em termos de produção e teremos renda positiva, mas o perfil será mais conservador”, diz o analista.

No mercado de soja atualmente existem duas forças que saltam aos olhos dos analistas. A primeira é a pressão vinda pelo lado da oferta, pelo acúmulo de safras positivas: “se nós confirmarmos a safra sulamericana cheia, teremos a terceira grande safra mundial positiva”, diz. E há ainda a possibilidade de os norteamericanos, lá por volta de abril e maio, optarem preferencialmente pela soja na safra de verão. “Então, do lado da oferta, as variáveis jogam o preço para baixo”, comenta.

Do outro lado, você tem a questão da demanda, com os números da Europa reagindo, a Ásia crescendo de maneira forte, a própria China recuperando o volume de compras, fazendo um contraponto de demanda sólida em relação ao aumento da oferta.

“Apesar da safra melhor, o mercado americano permanece no mesmo grau de nervosismo do ano passado. E numa situação como essa, o preço não cai a um nível abaixo da média. Então, mesmo com uma safra sulamericana boa, o mercado tem consistência para se manter acima da média até por volta de outubro do ano que vem”, avalia Junior.

A safra sulamericana ainda está completamente em aberto. “São números conservadores, naturais para o momento, com um perfil de safra extremamente positivo, principalmente na Argentina. Em que pese a previsão de baixo volume de chuvas para o mês de dezembro, no geral as condições são muito boas, muito melhores do que as do ano passado”, diz. Ano passado a gente estava no olho do furacão, com perdas acontecendo. Uma safra completamente atrasada, com replantio sendo feito até em fevereiro. Hoje a situação é bem diferente.

As condições brasileiras no geral também são bem positivas. O maior gargalo talvez esteja no Piaui, com a região Sul de Tocantins apresentando baixo volume de chuvas. Mesmo assim, são bolsões – a maior parte da lavoura já está plantada, em condições positivas de produção. Paraguai, Uruguaia e Bolívia também estão bem encaminhados no plantio, segundo o analista.

No Brasil, a área plantada será 5% maior em relação ao ano passado – cerca de 1,5 milhão de hectares a mais. “Um crescimento homogêneo em todos os estados da Federação, com um peso maior na região do Maranhão Piauí e Tocantis”, diz. O se dará principalmente em área de milho de verão e de pecuária. A produtividade, por enquanto, com bom comportamento climático e com bom índice de tecnologia, caminha dentro da normalidade. Não é um rendimento excepcional mas é um pouco melhor que o ano passado, quando tivemos uma safra cheia mas com problemas regionais de clima, principalmente na Bahia e no Maranhão(com 3057 quilos por hectare). Devemos ter uma safra em torno de 90 milhoes de toneladas.

Um perfil até agora positivo. “Se fala muito em ferrugem e da lagarta, mas as pragas podem trazer perdas regionais e perdas de renda para o produtor, sem contudo alterar de forma significativa o contexto da safra, que se encaminha para uma safra cheia”, avalia Junior. Em relação ao clima, nenhuma anomalia prevista para a safra, podendo ocorrer uma ou outra perda regional, sem alteração do panorama geral.