Teste de DNA soluciona mistério de 80 anos sobre a morte de um rei da Bélgica

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As folhas encontradas na cena da morte do rei Alberto I da Bélgica (KU Leuven – Maarten Larmuseau)
As folhas encontradas na cena da morte do rei Alberto I da Bélgica (KU Leuven – Maarten Larmuseau)

A suposta morte acidental do rei Alberto I da Bélgica em 1934 sempre foi rodeada de controvérsias. Agora, 80 anos depois do ocorrido, geneticistas forenses conseguiram relacionar o DNA do sangue encontrado na cena da morte do rei com o DNA de dois parentes distantes, provavelmente solucionando o mistério de uma vez por todas.

O rei Alberto I foi um dos monarcas mais populares a comandar o pequeno reino da Bélgica. Ele comandou o país em um dos momentos mais turbulentos da história, conduzindo a nação durante a invasão alemã na Primeira Guerra Mundial, na reconstrução pós-guerra e na crise de 1929, só para citar os momentos mais importantes. E ele morreu cedo, aos 58 anos, num acidente praticando alpinismo — ou não.

Veja, o rei era um alpinista ávido e habilidoso, o que levou as pessoas a se perguntarem se realmente foi um “acidente”, um assassinato ou suicídio. Não haviam testemunhas oculares na hora. Algumas teorias da conspiração especulavam que Alberto I foi morto em outro local e seu corpo foi plantado em Marche-les-Dames, na região de Ardenas.

Historiadores sempre descartaram essa teoria. Os investigadores levantaram duas possibilidades: ou o rei caiu depois de se apoiar numa pedra que se deslocou, ou caiu de uma altura de 18 metros depois que a rocha em que a corda de escalada estava presa quebrou.

Com um novo estudo publicado na Forensic Science International: Genetics, os historiadores estão confiantes de que chegaram em um consenso. O jornalista Reinout Goddyn comprou uma das relíquias que estavam na cena da morte do rei — nesse caso, folhas de árvore manchadas de sangue. Uma análise anterior, de 2014, já havia confirmado que era sangue humano.

E agora dois geneticistas forenses concluíram que o sangue é realmente do rei belga, comparando o DNA encontrado nas folhas com o DNA de dois parentes distantes de Alberto I: o último czar e ex-primeiro ministro da Bulgária, Simeão II da Bulgária, e a baronesa alemã Anna Maria Freifrau von Haxthausen.

Isso será o suficiente para convencer os defensores da teoria da conspiração? Provavelmente não. “Oitenta anos depois do acontecido, todos os envolvidos morreram e a maior parte do material se foi; nós provavelmente nunca conseguiremos descartar todas as especulações sobre esse ‘arquivo morto'”, disse o co-autor do estudo, Maarten Larmuseau da University of Leuven da Bélgica, num comunicado.

Porém, “a autenticidade das pistas de sangue confirmam a versão oficial da morte de Alberto I”, adicionou. “A história de que o corpo do rei nunca esteve em Marche-les-Dames ou foi colocado lá a noite agora se tornou muito improvável. Além disso, os resultados mostraram que conduzir uma investigação perfeitamente legal naquela época era impossível desde o início, já que alguns ‘caçadores de souvenirs’ interferiram na cena.”

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