Seul avisa que Coreia do Norte está pronta para realizar novo ensaio nuclear

  • Publico.UOL
Protesto na Coreia do Sul contra o regime de Kim Jong-un (JUNG YEON-JE/AFP)
Protesto na Coreia do Sul contra o regime de Kim Jong-un (JUNG YEON-JE/AFP)

A Coreia do Norte está em condições de realizar um novo teste nuclear, denunciou o Ministério da Defesa de Seul, apenas três dias depois de Pyongyang ter detonado no subsolo a sua quinta (e mais potente) bomba atómica. Um desafio a que os Estados Unidos, principal aliado da Coreia do Sul, quer responder com um endurecimento das sanções. A China considera esse caminho, por si só, contraproducente.

“A Coreia do Norte tem já um túnel onde pode fazer um novo ensaio nuclear”, afirmou Moon Sang-gyun, porta-voz da Defesa sul-coreana, referindo que os militares do Norte têm ao seu dispor uma nova extensão do segundo túnel (onde foram realizados os últimos quatro testes) e já terminaram as escavações numa terceira infra-estrutura subterrânea nas montanhas de Punggye-ri, no Nordeste do país.

O responsável não quis adiantar mais detalhes, citando razões de segurança, limitando-se a afirmar que a Coreia do Sul está “totalmente pronta” a responder a novas provocações. Na véspera, a agência de notícias Yonhap revelava que Seul tem um plano para “aniquilar” Pyongyang se houver indícios de que o país esteja a preparar um ataque nuclear.

Palavras que igualam a habitual retórica bélica da Coreia do Norte e que visam responder tanto às acções do regime de Kim Jong-un como aos que pedem que Seul iguale as armas do inimigo. Nesta segunda-feira, um grupo de 31 deputados conservadores sul-coreanos defenderam que o país deve ter armas nucleares, seja adquirindo um arsenal próprio (o que obrigaria o país a desvincular-se do Tratado de Não-Proliferação Nuclear) seja pedindo aos Estados Unidos que posicionem algumas das suas armas tácticas na Península – um passo que geraria a fúria de Pyongyang.

Para já, tanto o Governo sul-coreano, como os Estados Unidos têm-se limitado à resposta que se tornou convencional. Numa demonstração do seu “músculo militar”, Washington tinha planeado enviar o bombardeiro pesado B-1B para um voo a baixa altitude sobre a Coreia do Sul, a curta distância da zona desmilitarizada na fronteira com o Norte, mas a missão foi cancelada devido ao mau tempo. As Forças Armadas norte-americanas anunciaram um novo voo para terça-feira, sem especificarem que avião ou aviões vão descolar da base na ilha de Guam.

Sanções mais duras?

Enquanto isso, é nos corredores diplomáticos que se movimentam as peças de xadrez. Depois de ter visitado no domingo o Japão, o enviado especial norte-americano para a Coreia do Norte, Sung Kim, está nesta segunda-feira em Seul, onde deverá repetir o apelo a um endurecimento das sanções internacionais – desde 2006, data do primeiro ensaio, o Conselho de Segurança aprovou cinco rondas de medidas punitivas contra Pyongyang, insuficientes ainda assim para travar o avanço dos seus programas nucleares e balísticos. Em Tóquio, o responsável admitiu também que Washington poderá adoptar novas sanções unilaterais contra o país.

Na sexta-feira, o Conselho de Segurança decidiu abrir um novo debate sobre sanções ao regime de Kim Jong-un, mas o consenso necessário para o tipo de medidas defendidas por Washington ou Seul não se adivinha fácil. A China, principal aliado de Pyongyang, aceita que o ensaio nuclear não poderá passar sem resposta, mas não com a dureza defendida pelos ocidentais.

Já nesta segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês repetiu que as sanções por si só serão contraproducentes enquanto os Estados Unidos mantiverem a sua atitude hostil em relação a Pyongyang. Além de bases militares e milhares de soldados estacionados na Coreia do Sul, os Estados Unidos realizam com frequência exercícios militares de grande envergadura no país e preparam-se para ali instalar um sofisticado sistema de defesa antimíssil. “A China não tem sido capaz de dissuadir a Coreia do Norte a abdicar do seu programa nuclear, porque os seus esforços não estão a ser apoiados por outros”, escreveu em editorial o jornal Global Times, gerido pelo Partido Comunista Chinês, lamentando que “Washington tenha recusado assinar um tratado de paz com Pyongyang”.

Um gesto de pacificação difícil perante a crescente hostilidade do regime norte-coreano – nesta segunda-feira o jornal oficial afirmava que as “conquistas miraculosas” do programa nuclear significam que o país “tem entre as suas garras” as bases americanas na Ásia e Pacífico e o próprio território americano. Se Washington lançar uma guerra contra o país, Pyongyang “fará explodir a terra da América, extirpando de vez as causas da guerra na terra”.

Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.