Alvo do Gaeco por suspeita de fraudes em licitações faturou mais de R$ 160 mil

Em 2014, com outro nome mas mesmo CNPJ, empresa de sonorização recebeu maior parte dos pagamentos da Prefeitura de Dourados

Mandados de busca e apreensão expedidos pela  2ª Vara Criminal de Dourados foram cumpridos pelo Gaeco (Foto: Divulgação/MPE-MS)
Mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Criminal de Dourados foram cumpridos pelo Gaeco (Foto: Divulgação/MPE-MS)

Um dos alvos da Operação Decibéis, deflagrada pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) nesta quarta-feira (30) contra supostas fraudes licitatórias na Prefeitura de Dourados, já faturou mais de R$ 160 mil em contratos para locação de serviços de sonorização e iluminação no município desde 2014. 

O empresário Reginaldo Gomes Celestino, de 47 anos, é morador no apartamento onde equipes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) cumpriram ao menos um dos cinco mandados de busca e apreensão expedidos no âmbito dessa ação policial.

Extrato de empenho publicado em 2017 mostra empresa com nome anterior (Foto: Reprodução)
Extrato de empenho publicado em 2017 mostra empresa com nome anterior (Foto: Reprodução)
Em consulta ao portal da transparência da prefeitura, a 94FM apurou que a maior parte dos pagamentos, R$ 160.533,90, ocorreu entre 29 de agosto de 2013 e 26 de junho de 2014. São valores referentes a serviços que incluem locação de banheiro químico para desfile cívico de 7 de setembro, mobiliários e pórtico para uma secretaria, até locação de bens estruturais, equipamentos e serviços de segurança para a realização da 37ª Festa Junina de Dourados.

Todos esses contratos têm como beneficiária a Reginaldo Gomes Celestino-MS, inscrita sob o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) número 15249646000184. 

Em 2014, contratos foram assinados em nome de Reginaldo Gomes Celestino-MS (Foto: Reprodução)
Em 2014, contratos foram assinados em nome de Reginaldo Gomes Celestino-MS (Foto: Reprodução)

Contudo, esse mesmo registro corresponde, agora, à empresa R5 Sonorização, que recebeu R$ 8.476,00 em 2020, em dois pagamentos datados de 17 de julho, um no valor de R$ 2.476,00 e outro de R$ 6.000,00.

Vínculos mais recentes são em nome da empresa R5 Sonorização, que manteve CNPJ (Foto: Reprodução)
Vínculos mais recentes são em nome da empresa R5 Sonorização, que manteve CNPJ (Foto: Reprodução)
Esses vínculos contratuais mais recentes são relativos a formalização de ata de registro de preços visando a eventual locação de bens estruturais e serviços de sonorização e iluminação, compreendendo o fornecimento dos equipamentos e sua operacionalização, objetivando atender eventos a serem realizados por secretarias municipais.

Em nota distribuída à imprensa pela manhã, logo que os veículos do Gaeco foram vistos nos endereços onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão, o MPE informou que as ordens foram expedidas pela 2ª Vara Criminal da comarca “em desfavor de empresas e pessoas investigadas pela prática de crimes contra a lei de licitações, ordem econômica e organização criminosa, em decorrência de supostas fraudes advindas da relação de parentesco e proximidade entre os envolvidos”.

A Promotoria de Justiça aponta que “os acusados participavam juntos de certames licitatórios visando contratações com o poder público municipal”.

Equipes do Gaeco cumpriram cinco mandados de busca e apreensão na manhã de hoje (Foto: Divulgação/MPE-MS)
Equipes do Gaeco cumpriram cinco mandados de busca e apreensão na manhã de hoje (Foto: Divulgação/MPE-MS)

Já no início da tarde, o advogado Renan Souza Pompeu, que defende o empresário Reginaldo Gomes Celestino, divulgou nota à imprensa para informar que “impugnará a decisão através das instâncias ordinárias, com serenidade daqueles que clamam pela Justiça”.

“Diante dos frágeis documentos que alegadamente serviram de embasamento para a decretação de Busca e Apreensão, a defesa técnica vem reiterar a desnecessidade da gravosa medida expedida. Com efeito, o requerimento formulado pelo membro do Ministério Público se limitou a exercício de infundadas conjecturas, sem elementos concretos que pudessem lastrear a suas suposições, o que apenas evidencia a fragorosa falta de pressupostos e requisitos autorizadores do pedido de busca e apreensão. Nesse sentido, o escritório de Advocacia Criminal Dr. Renan Pompeu e Dr. Pedro Martins Aquino impugnará a decisão através das instâncias ordinárias, com serenidade daqueles que clamam pela Justiça”, pontuou.

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