Conveniadas para atenderem crianças cobram calote milionário da prefeitura

Sete das oito instituições que devem atender 1,5 mil crianças neste ano letivo ainda tentam na Justiça receber quase milhão não repassados no início de 2018

Prefeita Délia reunida com os secretários Upiran Gonçalves (Educação), Marise Bianchi (Obras Públicas) e Carlos Dobes (Planejamento) (Foto: A. Frota)
Prefeita Délia reunida com os secretários Upiran Gonçalves (Educação), Marise Bianchi (Obras Públicas) e Carlos Dobes (Planejamento) (Foto: A. Frota)

Sete das oito instituições conveniadas para oferecerem 1,5 mil vagas de creche e pré-escola em Dourados durante o ano letivo de 2019 ainda cobram judicialmente quase um milhão de reais da prefeitura referentes aos repasses dos três primeiros meses de aula em 2018. O valor, conforme as ações, corresponde a suposto calote aplicado pela administração municipal em fevereiro, março e parte de abril do ano passado.

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O resultado final do processo de credenciamento das escolas, entidades, associações e instituições particulares de ensino visando oferecer vagas para Educação Infantil, em período parcial para o ano letivo de 2019, foi publicado na edição do Diário Oficial do Município de 24 de janeiro.

Foram conveniados o Instituto Educacional da Igreja Presbiteriana Independente de Dourados (Iepid), o Centro Educacional Antonio Raposo Tavares Ltda. ME (Ceart), Associação Educacional Ceminha, o Lar de Crianças Santa Rita, a Associação Brasileira de Crédito e Desenvolvimento da Educação do Esporte (ABCDE), a Creche Lar André Luiz e Pavilhão da Sopa, a Escola de Recreação e Ensino Fundamental Novos Tempos do Saber – Nova Época, e o Instituto Educacional da Grande Dourados (Iegran).

Dessas entidades, apenas o Iegran, conveniado para ofertar 51 vagas de creche e 34 de pré-escola (85 no total), não move ação judicial contra o município por calote em repasses referentes a parte do ano letivo de 2018. As demais tentam desde o ano passado receber um valor que, somado, chega a R$ 930.503,32. Os processos tramitam na 6ª Vara Cível de Dourados.

Aulas na rede municipal de ensino devem ter início no próximo dia 11 de fevereiro (Foto: A. Frota)
Aulas na rede municipal de ensino devem ter início no próximo dia 11 de fevereiro (Foto: A. Frota)

Em outubro passado, a Associação Educacional Ceminha ingressou com a ação de número 0809402-32.2018.8.12.0002, que segue em trâmite e permanece conclusa para sentença desde 6 de novembro de 2018. Nesse caso, requer da administração municipal o pagamento imediato de R$ 101.602,00, “pelos serviços já prestados referentes aos meses de fevereiro, março e até 22 abril/2018”, “a fim de garantir o pagamento emergencial das dívidas geradas pela ausência de pagamento do Requerido”.

Conforme a petição apresentada pela Ceminha, ela firmou em 23 de abril de 2018 convênio com o Município de Dourados para ofertar até 194 vagas (84 para creche e 110 para pré-escola) em período matutino e vespertino na educação infantil. Neste ano, ela foi novamente conveniada pelo município, desta vez para ofertar 172 vagas, das quais 103 para creche e 69 em pré-escola. 

Concluso para sentença, o processo de número 0805091-95.2018.8.12.0002 tem a Associação Brasileira de Crédito, Desenvolvimento da Educação e do Esporte – Abcde como autora. Ela pede que a Justiça determine o pagamento imediato de R$ 123.126,00 por parte da Prefeitura de Dourados. O valor, argumenta, diz respeito aos “serviços já prestados referentes aos meses de fevereiro, março e até 22 abril/2018”, e visa “garantir o pagamento emergencial das dívidas geradas pela ausência de pagamento do Requerido”.

Na petição apresentada à 6 Vara Cível da comarca, a Abcde informou ter firmado convênio com o município no dia 3 de abril do ano passado para ofertar até 250 vagas (170 em creches e 80 pré-escolar) em período matutino e vespertino, para atender a educação infantil do município. Para 2019, ela deve ofertar 146 vagas de creche e 69 de pré-escola, um total de 215.

Ações judiciais com cobrança de suposto calote foram movidas em meio ao anúncio da prefeitura de superação da crise financeira (Foto: Reprodução)
Ações judiciais com cobrança de suposto calote foram movidas em meio ao anúncio da prefeitura de superação da crise financeira (Foto: Reprodução)
Através da ação número 0805083-21.2018.8.12.0002, o Instituto Educacional da Igreja Presbiteriana Independente de Dourados – Iepid requer R$ 62.209,33 do município. O processo segue em trâmite e o juiz responsável estabeleceu prazo até 1º de março para a prefeitura apresentar contestação. Neste ano letivo o instituto vai oferecer 13 vagas de creche e 47 de pré-escola, total de 60.

O Lar Santa Rita busca receber R$ 204.067,33 por meio do processo número 0805072-89.2018.8.12.0002, ainda sem julgamento. Enquanto isso, vai ofertar neste ano 136 vagas de creche e 138 de pré-escola (274 no total).

O Centro Educacional Antônio Raposo Tavares Ltda Me pleiteia judicialmente R$ 119.288,00 através da ação número 0805051-16.2018.8.12.0002, que está conclusa para sentença desde o dia 24 de agosto de 2018. Para 2019, firmou novo convênio com o município para oferecer 86 vagas de creche e 171 de pré-escola, 257 no total.

A Escola de Recreação e Ensino Fundamental Novos Tempos do Saber (Nova Época) cobra na Justiça R$ 110.210,66 não repassados pela prefeitura, através da ação número 0805084-06.2018.8.12.0002, ainda sem resolução. Neste ano letivo, ofertará 129 vagas de creche e 94 de pré-escola (223 no total).

Por meio da ação que tramita sob o número 0805098-87.2018.8.12.0002, a Creche e Lar André Luiz requer o pagamento imediato de R$ 210 mil por parte da prefeitura. O processo consta como concluso para sentença desde 7 de novembro de 2018. Para 2019, essa creche foi conveniada com objetivo de ofertar 171 vagas de creche e 43 de pré-escola. 

*Matéria editada às 22h35 para acréscimo e correção de informações. Apesar de ter tido sua primeira ação extinta por falta de pagamento das custas, a Ceminha ingressou com outro processo, esse sim ainda em trâmite. Além disso, o valor cobrado pela Creche André Luiz foi alterado no processo, de R$ 1,1 milhão para R$ 210 mil. 

Comentários
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  • #Indignada

    #Indignada

    Aonde foi parar o dinheiro?
    Alguém pode responder?
    Prefeita o povo pede explicações

  • Rosane Carvalho

    Rosane Carvalho

    O descaso com a educação em Dourados e vergonhoso.
    Vamos pagar as contas Prefeitura