Em município sem dinheiro para pagar servidores, Câmara planeja nova sede
Poder Legislativo tem orçamento superior a R$ 30 milhões para custear as despesas em 2021 e desde 2017 já devolveu quase o mesmo valor para prefeitura

Dourados inicia 2021 com o Poder Público municipal em diferentes sintonias. Enquanto o prefeito Alan Guedes (PP), chefe do Executivo, assumiu a prefeitura sem dinheiro em caixa e ainda não conseguiu sequer para pagar os salários de dezembro passado dos servidores, o chefe do Legislativo, vereador Laudir Munaretto (MDB), aponta como um dos principais projetos construir nova sede para Câmara.
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O emedebista foi eleito presidente da Casa de Leis para o biênio que encerra em 2022 e já declarou publicamente ser um sonho dele, da mesa diretora e de todos os demais parlamentares a edificação de outro prédio para o Palácio Jaguaribe. Somente neste ano, ele terá um orçamento superior a R$ 30 milhões.
“São ações estruturantes que estão sendo pensadas pela Câmara, e com a participação de todos os vereadores, para aproximar a população do Legislativo. A participação popular é de fundamental importância para que possamos cumprir o papel de fiscalização ao Executivo e elaborar os projetos que venham de encontro aos anseios da sociedade”, declarou, Munaretto.
Nessa mesma divulgação do Legislativo, é assinalado que “entre as principais projetos que estão sendo planejados pela Mesa-Diretora da Câmara está a construção de uma nova sede para o Poder Legislativo, a criação de um aplicativo para facilitar e agilizar o acesso da população aos serviços da Câmara e a implantação da TV e Rádio Câmara de Dourados”.
Não foram divulgados mais detalhes sobre esse projeto da nova presidência da Câmara, como eventuais valores orçados.
O Poder Legislativo é mantido com o duodécimo, repassado pelo Poder Executivo, arrecadador de impostos através da prefeitura. Em 2020, o orçamento aprovado para Câmara custear suas despesas foi de R$ 28.919.200,00 e em 2021 a cifra saltou para R$ 30.207.424,00.
Contudo, tem sido habitual ao longo dos anos que a Casa de Leis devolva à prefeitura parte não utilizada desses recursos. Somente nos quatro anos recentes foram quase R$ 30 milhões, usados sobretudo para pagamento dos salários do funcionalismo público municipal.
Na semana passada, quando anunciou que não seria possível quitar esses vencimentos no quinto dia útil de janeiro, o prefeito de Dourados detalhou ter herdado os caixas municipais com pouco mais de R$ 8 milhões, valor próximo ao devolvido pela Câmara no final de 2020. No entanto, a folha totaliza R$ 31 milhões.