Juiz afirma que Dourados viveu ‘círculo vicioso’ com série de crimes por vingança

Magistrado que presidiu júri popular de número 500 na comarca deverá julgar homem que assassinou adolescente em pizzaria na próxima semana

Homem e mulher foram assassinados no Jardim Itália em dezembro de 2016 (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)
Homem e mulher foram assassinados no Jardim Itália em dezembro de 2016 (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)

Titular da 3ª Vara Criminal de Dourados, o juiz Cézar de Souza Lima afirmou que o município viveu um “círculo vicioso” em anos anteriores com uma série de crimes praticados por vingança entre grupos. Responsável por presidir o júri popular de número 500 na comarca num intervalo de quatro anos, que no dia 27 de março condenou um assassino a 20 anos de prisão, o magistrado avalia que a sensação de impunidade que motivava esses assassinatos acabou.

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“É evidente que uma pessoa com mais de 18 anos, pratica um homicídio e fica 10 anos sem receber um julgamento vai pensar que não será punido ou sofrerá aguardando ser inocentado. Em Dourados, tínhamos um círculo vicioso, em que os amigos de quem sofria um assassinato decidiam fazer justiça com as próprias mãos e assim se iniciava a vingança entre grupos, com três ou quatro processos adjacentes, pois a vingança não tinha fim e nenhum dos envolvidos era julgado. Com os resultados, de absolvição ou condenação, passamos a entregar uma resposta sem a sensação de que um processo destes, de alta complexidade, nunca chegava a termo, a perpetuar o desejo de vingança”, afirmou.

Essa fala do magistrado consta em matéria divulgada pelo TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para falar sobre o julgamento de número 500 do Tribunal do Júri de Dourados desde 2014. Nesta ocasião, Juliander de Oliveira Alcântara, de 26 anos, foi considerado culpado e condenado a 20 anos e oito meses de reclusão pelo assassinato do advogado Valmir Leite Júnior, morto a facadas e carbonizado no porta-malas do próprio carro no dia 15 de fevereiro de 2017 em Dourados.

Tribunal do Júri de Dourados já realizou 500 julgamentos (Foto: Divulgação/TJ-MS)
Tribunal do Júri de Dourados já realizou 500 julgamentos (Foto: Divulgação/TJ-MS)

Responsável pela 3ª Vara Criminal da comarca desde abril de 2014, o juiz diz ter conseguido, com ajuda dos demais órgãos envolvidos na área jurídica, dar desfecho para “grande número de processos pendentes de instrução e de julgamento de plenário”. “Com o auxílio do Ministério Público, da Defensoria e da Ordem dos Advogados do Brasil, nós fizemos uma programação e um planejamento para terminar estes processos e levá-los a julgamento. Foi um trabalho árduo e houve meses em que tivemos 22 júris, às vezes com dois ou três julgamentos por dia, contando com o auxílio de outros colegas magistrados”, informou.

Além do caso de grande repercussão no município julgado no final do mês passado, outro crime brutal que chocou douradenses deverá ter desfecho judicial neste mês. Preso desde 20 de julho do ano passado por assassinar a tiros o adolescente Rafael Alves Rocha em uma pizzaria no Parque das Nações II, em Dourados, Jeferson Alexandre de Oliveira, de 25 anos, será submetido ao julgamento do Tribunal do Júri no próximo dia 11 de abril, às 13h30.


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