Juiz intima diretores, coordenadores e secretários a informarem vagas puras

Decisão judicial dá 24 horas para apresentação da lista de vagas puras e mapa de lotação de professores das escolas e centros de educação infantil do município

Falta de informações da prefeitura levou Justiça a intimar educadores (Foto: A. Frota)
Falta de informações da prefeitura levou Justiça a intimar educadores (Foto: A. Frota)

O juiz José Domingues Filho intimou todos dos diretores, coordenadores e secretários de escolas e centros de educação infantil do município a apresentarem a lista de vagas puras para professores em suas respectivas unidades. Proferido no final da tarde desta quinta-feira (22), esse despacho estabelece prazo de 24 horas para que a ordem judicial seja cumprida, sob pena de sanções por improbidade administrativa e afronta ao Código do Processo Penal.

Leia também: 

-MPE pede multa pessoal à prefeita por descumprir acordo judicial e causar prejuízo a alunos

A decisão faz parte da Ação Civil Pública número 0809414-80.2017.8.12.0002, em trâmite na 6ª Vara Cível da comarca. Neste processo, o MPE-MS (Ministério Público Estadual) apontou irregularidades na contratação temporária de educadores para a Rede Municipal de Ensino por parte da administração municipal. E no dia 5 de fevereiro o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) chegou a cumprir mandados de busca e apreensão nas dependências das secretarias de Educação e de Administração.

Gaeco apreendeu documentos nas secretarias municipais de Educação e de Administração (Foto: Eliel Oliveira)
Gaeco apreendeu documentos nas secretarias municipais de Educação e de Administração (Foto: Eliel Oliveira)

Na ocasião, a Promotoria de Justiça queria descobrir justamente o que o juiz tenta saber agora, o número de vagas puras - destinadas a professores concursados - existente município. Como não conseguiu da prefeitura as respostas pretendidas, a Justiça resolveu recorrer aos dirigentes escolares na tentativa de elucidar a questão. 

"Ante as circunstâncias da causa, com fincas no art. 139, IV, do CPC, baixo o feito em diligência para intimar pessoalmente todos os diretores e secretários de Escolas Públicas Municipais e coordenadores e secretários de CEIM's, para o fim de apresentarem certidão do quantitativo de vagas puras existentes, número de professores lotados e respectiva carga horária, bem como para nominar todos os professores cedidos, licenciados, readaptados ou que, por qualquer outro motivo, estejam fora de sala de aula", despachou o magistrado.

MAPA DE LOTAÇÃO

Além disso, o juiz também estabeleceu que diretores, coordenadores e secretários de escolas e centros de educação infantil do município apresentem "mapa de lotação, apontando sala/turma de lotação, número de aulas, período de lotação, apontando também a situação dos afastados (onde estão, e quem ocupa sua vaga)".

Para o cumprimento dessa ordem judicial, foi estabelecido prazo de 24 horas, "contados na forma do art. 132, § 4°, do CC, e com a advertência de que o descumprimento poderá incursá-los nas penalidades previstas na Lei de Improbidade Administrativa (LF 8.429/92) e nos arts. 297, 319, 330, 347, do Código Penal". O juiz determinou que os mandados sejam expedidos "para cumprimento com urgência, em regime de plantão".

MULTA PESSOAL

Antes dessa decisão, na terça-feira (20), o promotor Luiz Gustavo Camacho Terçariol, que está na 16ª Promotoria de Justiça da comarca em substituição legal, pediu à Justiça que estabelecesse prazo de 48 horas para convocação de 178 professores concursados, sob pena de aplicação de multa pessoal à prefeita Délia Razuk (PR), à secretária de Educação, Denize Portolann de Moura Martins e à Procuradora-Geral do município, Lourdes Peres Benaduce.

O MPE acusa essas gestoras públicas de não cumprir acordo judicial celebrado no dia 8 passado. Isso porque, naquela oportunidade, a prefeitura assumiu o compromisso de convocar 496 educadores concursados até segunda-feira (19), mas nesse prazo chamou apenas 318 sob o argumento de as 178 vagas remanescentes se referem "ao cargo de professor de educação especial, para qual não houve concurso", e deve-se ainda à "insuficiência de candidatos aprovados em todas as áreas disciplinas necessárias para preencher as 496 vagas".

PREJUÍZO ÀS CRIANÇAS

Alunos têm sido dispensados das escolas por falta de professores (Foto: A. Frota)
Alunos têm sido dispensados das escolas por falta de professores (Foto: A. Frota)

Esse argumento, contudo, não convenceu a Promotoria de Justiça, para quem "outra alternativa não há senão imposição de sanções pelo descumprimento do acordo firmado judicialmente, sem prejuízo do reconhecimento da litigância de má-fé". Para o órgão ministerial, "nenhuma outra medida surtirá efeitos senão aplicação de multa pessoal aos representantes do requerido, saber: Prefeita Municipal Délia Godoy Razuk, Secretária Municipal de Educação, Denize Portolann de Moura Martins e a Procuradora-Geral Lourdes Peres Benaduce".

Segundo o promotor, "são estas quem, desde início presente ação, têm protelado resolução da problemática posta, mormente descumprindo os acordos firmados perante esse Juízo, que tem gerado inúmeros prejuízos principalmente às crianças adolescentes que necessitam da rede municipal de ensino atualmente tem enfrentado problemas com volta às aulas, em razão da ausência de professores efetivos em sala".

No pedido, o MPE destacou ser necessária aplicação de multa pessoal porque "fixação de multa em desfavor tão somente do ente público requerido representaria prejuízo mais para população de Dourados, já tão assolada pelas medidas adotadas pela administração municipal. Em outras palavras, cidadão seria punido duas vezes primeira pela falta de professores para início do ano letivo, segunda financeiramente em razão da atuação deliberada de suas representantes, acima nominadas, que não se pode permitir". Conforme a petição, caberá ao juiz, caso acate ao pedido da Promotoria de Justiça, estabelecer o valor a ser pago.

Comentários
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  • diego

    diego

    A área pública de Dourados esta defasada em todos os setores, todos os cargos estão precisando de funcionários, duro que tem gente aprovada no concurso esperando na lista, existe a vaga porém não são chamados. Eu pessoalmente verifiquei que para o cargo que estou aprovado tem a defasagem de pessoal em mais de 100 vagas, e tem este pessoal aprovado no concurso. Ministério público poderia dar um apoio para os vigias aprovados no concurso e estão esperando, pois vários CEIMS, E. M. e UBSF estão sendo roubados e depredados por falta de vigias que estão aprovados no entanto não são chamados.

  • Maria Lúcia

    Maria Lúcia

    Olha mas tem outras coisas a serem vistas tbm, esse pessoal foi chamado no concurso pra fazer esse contrato de 60 dias ou esperar esse tempo pra assumir depois, acontece que uma grande parte assinou um termo de desistência pra assumir depois, deixando as escolas e ceims no prejuízo do mesmo jeito. Acredito que se queriam e precisavam assumir e trabalhar porque esperar 60 dias... Segundo sabemos esse reboliço foi para não prejudicar os alunos, mas os mesmos estão prejudicados do mesmo jeito, pois estão tendo somente meio período de aula. Sinto em dizer mas minha cidade está afundando...

  • Julie

    Julie

    Marcio! Pensei a mesma coisa sobre as vagas transitórias, tem lugares de elas estão lá a mais de 10 anos haha.Juiz fica de olho nas vagas transitórias !!!

  • Santos

    Santos

    Parabéns ao excelentíssimo Sr. Juiz e o Promotor no caso. A administração da prefeitura de Dourados acha que pode ludibriar a justiça, enquanto isso as crianças padecem de educação, esses sim são os maiores prejudicados. Mas é bom acontecer isso na Secretária de Educação, acabar com as "indicações" de profissionais da área, o correto é ser por competência e não por quem indicou.

  • Sandra

    Sandra

    Não estou nem um pouco decepcionada com essa administração.Nunca confiei.Só não esperava que fosse pior do que eu imaginava.Espero que as ações do MP não fiquem só na educação.A saúde está horrível.O paciente internado na ala vermelha da UPA é tratado com descaso.Se não conseguir tomar água e comer sozinho, passa fome e sede.

  • Maria

    Maria

    Se os próprios coordenadores de ceim são convocados cargo de confiança e se fazer uma varredura tem muitas vagas na coordenação só que preferem colocar os dgas que chamar do concurso uma vergonha

  • Marcus

    Marcus

    Estou decepcionado com o mandato da Delia ,desepicionou muitos eleitores

  • marcio

    marcio

    É BOM O JUIZ E O PROMOTOR FICAR DE OLHO, POIS PODEM SURGIR MUITAS VAGAS "TRANSITÓRIAS".