MPE não quer exame de sanidade mental em homem que matou ex na frente do filho

Defesa do réu sugeriu que ele agiu influenciado por "forte paixão" ou diante de "injusta provocação", mas acusação cita atitudes repugnáveis durante 15 anos de casamento com a vítima

Yara foi morta pelo ex-marido com um tiro na cabeça, crime cometido na frente de um filho do casal (Foto: Reprodução)
Yara foi morta pelo ex-marido com um tiro na cabeça, crime cometido na frente de um filho do casal (Foto: Reprodução)

O promotor Luiz Eduardo Sant'Anna Pinheiro, da 15ª Promotoria de Justiça de Dourados, manifestou-se contrário à realização de exame de sanidade mental em Edson Aparecido de Oliveira Rosa, de 35 anos, preso pelo assassinato da ex-mulher, Yara Macedo dos Santos, então com 30 anos. Cometido na frente de um filho do casal, de 14 anos, o crime ocorreu na tarde de 25 de junho, no cruzamento das Ruas México com Colômbia, no Parque das Nações I.

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Preso no dia seguinte ao crime, em Sidrolândia, de onde pretendia fugir para Mato Grosso, Edson foi denunciado pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) por feminicídio. A denúncia recebida dia 23 de julho pela 3ª Vara Criminal também agravantes ao crime, como motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e posse de arma de fogo. Três familiares dele são acusados de ajudar a esconder o revólver antes do assassinato e na fuga posterior.

INJUSTA PROVOCAÇÃO

No entanto, a defesa prévia do réu apresentada dia 6 de agosto solicitou a realização de perícia médica para “mensurar o grau de lucidez do acusado à época do cometimento do crime”. (clique aqui para ler mais)

Edson foi preso no dia seguinte ao crime, quando tentava fugir para Mato Grosso (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)
Edson foi preso no dia seguinte ao crime, quando tentava fugir para Mato Grosso (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)
"Considerando que no presente caso, pode ter o acusado cometido o crime ao qual está sendo imputado, conduzido sob a influência de forte emoção ou paixão, fato que poderá se constatar redução do juízo de culpabilidade, requer a defesa, seja designado perícia para apurar se houve ação pelo agente acometido de ‘violenta emoção’ ou logo após injusta provocação da vítima”, pontuaram seus advogados.

ATITUDES REPUGNÁVEIS

Na segunda-feira (25), contudo, o promotor de Justiça pediu ao juiz responsável pelo caso que não acate esse pedido da defesa. “No caso, em que pese as razões evocadas pela defesa técnica, este Órgão Ministerial, após releitura dos autos, não pôde verificar ‘dúvida sobre a integridade mental do acusado’, mas sim, razões outras que o levaram a prática do crime que lhe fora assacado. Isso se verifica através do cotejo do acervo probante constante nos autos e contexto fático esquadrinhado”, afirmou.

Ao citar depoimentos colhidos na fase de inquérito, o membro do MPE lembrou que Edson e Yara mantiveram relacionamento por 15 anos, com três filhos, “sendo que tal convívio era pautado em reiteradas agressões físicas e emocionais, ameaças de morte, entre outras atitudes repugnáveis praticadas pelo denunciado em desfavor da vítima. Em princípio, revela-se o sentimento de posse e violência doméstica e familiar em que a vítima era submetida pelo denunciado”.

Baleada na cabeça, Yara chegou a ser socorrida, mas não resistiu e morreu (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)
Baleada na cabeça, Yara chegou a ser socorrida, mas não resistiu e morreu (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)

PERSONALIDADE

“Destarte, do que se extrai dessas oitivas é a prática de um comportamento contínuo e reiterado por parte do autor, que dão indícios da verossimilhança da acusação. No caso, não há qualquer indício de que esteja acometido de doença mental ou qualquer risco a sua integridade psicológica, até porque, não há qualquer indicativo anterior de que o mesmo padece de problemas psicológicos, mas sim, questões afetas a sua personalidade e maneira de lidar com os problemas cotidianos”, pontua o promotor de Justiça.

Ainda conforme o responsável pela acusação, “outro fator que não pode ser desconsiderado é que eventual deferimento do requerimento da defesa torna, indubitavelmente, protelação desnecessária do andamento processual. Não recomendável para processos que envolvam réu preso”. 

Comentários
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  • Eu

    Eu

    Tem que soltar dentro do presídio si ele sair em leso ele é doido mais si nao sair ai ele é normal

  • Katia micheli stroher

    Katia micheli stroher

    A justica tem que ser severa pois um homem como este não pode ficar solto.como ele foi cruel em tirar a vida da própria companheira na frente de seu próprio filho.ele não é louco e sim covarde.

  • anna

    anna

    Obrigada MPE por fazer Justiça!!!
    Exame de sanidade mental tem que fazer é na Defesa que pede um absurdo desse!!!
    São 15 anos de sofrimento e humilhação e não 15 dias gente!!! Eu imagino o que ela passou, quantas vezes ela deve ter pedido socorro e por ser mulher era calada com maus tratos por esse mostro!! Quantas vezes ela chorou, ela compartilhou a dor dela e ninguém fazia nada, pois todos viviam em constantes ameaça!!! Até que ela se cansou o preço dessa liberdade tão sonhada foi uma morte trágica na frente do próprio filho!!! Meus Deus !!! Quanta dor!!!