MPE recomenda que prefeita exonere nomeados para não prejudicar Samu

Promotores de Justiça afirmam que contenção de despesas não pode justificar prejuízo a serviços essenciais e defendem corte em cargos de confiança

Prefeita Délia Razuk é alvo de recomendação do MPE para cortar servidores nomeados e salvar Samu (Foto: A. Frota)
Prefeita Délia Razuk é alvo de recomendação do MPE para cortar servidores nomeados e salvar Samu (Foto: A. Frota)

A Prefeitura de Dourados deve exonerar servidores nomeados em cargos de confiança para economizar dinheiro público e evitar a paralisação dos atendimentos prestados pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). A reportagem da 94FM apurou que essa é a recomendação expedida na quinta-feira (15) pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) e direcionada à prefeita Délia Razuk (PR). 

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O documento assinado pelos promotores Ricardo Rotunno, Eteocles Brito Mendonça Dias Júnior e Luiz Gustavo Camacho Terçariol foi motivado por denúncias feitas esta semana na matéria “Samu de Dourados pode paralisar atividades por falta de médicos”. Nela, servidores que atuam no órgão apontam sobrecarga de trabalho por falta de profissionais, já que a administração municipal alega não poder contratar em função da Lei de Responsabilidade Fiscal, que fixa limite de gastos com pessoal.

INVESTIGAÇÃO

Essas informações motivaram a instauração do Inquérito Civil nº 06.2018.00000850-7, que apura “eventuais irregularidades na adoção de medidas visando a adequação dos gastos com pessoal à lei de responsabilidade fiscal, em prejuízo da continuidade de serviços essenciais para a população do Município de Dourados”. E além das investigações, as 10ª, 16ª e 17ª Promotorias de Justiça da comarca decidiram formular a recomendação conjunta.

À prefeita, os promotores recomendaram que “diante da necessidade premente de promover adequações nos gastos com pessoal visando atender aos limites dispostos na Constituição Federal e Lei de Responsabilidade Fiscal, observe irrestritamente o disposto no art. 169, § 3º, I, da Carta Magna, bem como priorize a manutenção de serviços essenciais, mediante a imediata redução de gastos com cargos em comissão e funções de confiança que não possuem essa natureza de essencialidade”.

SERVIÇO ESSENCIAL

Ameaça de paralisação dos serviços do Samu motivou recomendação do MPE (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)
Ameaça de paralisação dos serviços do Samu motivou recomendação do MPE (Foto: Sidnei Bronka/Arquivo)
O MPE informa ter apurado que a prefeita teria adotado “medidas de contenção de gastos com pessoal, a fim de se adequar aos limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal”, mas pontua que, no entanto, “tem sido amplamente divulgado que para atingir tal objetivo a alcaide tem se valido de atos que tem prejudicado a manutenção prestação de serviços essenciais à população douradense, tais como os atendimentos médicos prestados pelo SAMU”.

Os promotores lembram ainda que, embora a prefeita tenha decretado economia de 20% nos gastos com folha de pagamento ainda em 2017, “a priori, e de acordo com as publicações oficiais do Município de Dourados, não se vislumbra a adoção de medidas efetivas para a diminuição de cargos comissionados e/ou funções de confiança não relacionados a atividades essenciais, em proporção tal que torne inviável a atividade administrativa, a justificar o sacrifício de serviços de relevância pública”.

MEDIDAS JUDICIAIS

Considerando que a legislação veda cortes em serviços como o prestado pelo Samu, os membros das promotorias de Justiça afirmam que “a precarização dos serviços essenciais não pode ser justificada pela necessidade de adequação de gastos com pessoal, mormente quando não foram esgotadas todas as medidas de contenção menos gravosas”.

Conforme determinado pelos promotores, assim que receber a recomendação, a prefeita Délia Razuk terá 10 dias para responder se a acatará ou não. Mas alertam que “a ausência de observância das medidas enunciadas impulsionará o Ministério Público Estadual a adotar as providências judiciais e extrajudiciais pertinentes para garantir a prevalência das normas de proteção ao patrimônio público e social de que trata esta recomendação”.

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Comentários
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  • Camilo

    Camilo

    O leite da Barroza ta secando... Vai ter um monte de berrezo desmamado.

  • anna

    anna

    É tanto descaso que não dá nem para acreditar né? Quem ponha a mão na massa ganha uma miséria!!! E quem só tem nome ganha horrores!! Cada um tem que ter o salário justo eu concordo, mas tem coisa que não dá pra engolir é um absurdo!!!

  • Fora

    Fora

    Começando pela mulher do Coordenador do SAMU!!!! Epelos cargos de confiança do próprio SAMU NÉ.... Já tem salários exorbitantes. Uma vergonha o salário dos técnicos de enfermagem do HV.1090 reais.

  • claudinei

    claudinei

    Excelente atitude mais uma vez do MP em não deixar que coisas desse tipo ocorram, foi-se o tempo em que o agente público agia por conveniência sem se atentar para os princípios da Administração. Parabéns ao MP que está colocando rédeas nessa administração arbitrária.

  • Leandro

    Leandro

    Que Boa notícia.

  • Sandra

    Sandra

    Tomara que essa ação realmente tenha êxito.Já está na hora de se fazer alguma coisa pra estancar essa sangria que causa tanto prejuízo à população. Que a justiça cumpra o seu papel!

  • Ryani

    Ryani

    Deus é bom é fiel. Ouviu minhas preces. Abençoado seja os Doutores e o MP. As secretarias estão todas inchadas e cheias de gente. Mas só para receber pois trabalhar pelo povo nada! Á cidade suja toda esburacada e abandonada a saúde e educação estão péssimas... Amém ao MP e o SAMU.

  • Rodrigo

    Rodrigo

    Parabens ao MP, isso tinha que ter sido feito bem antes, mas antes tarde do que nunca, chega de ter tantos DGAs, só sugando o dinheiro da população, quem sabe assim os que ralaram pra passar no concurso tem alguma chance de ser convocado... muitos estão desempregados enquanto os comissionados trombam nos corredores das secretarias. mais uma vez, parabéns ao MP. que sinam investigando que com certeza, tem muita coisa errada ainda para ser corrigida.