Promotor quer explicações da prefeitura sobre atrasos nos salários dos servidores

MPE cita que 'atraso de salários implica em intenso sofrimento psíquico ao trabalhador que só dispõe dessa fonte de renda para prover o sustento próprio e de sua família'

Atrasos salariais ocorridos no final de 2017 são investigados pelo MPE (Foto: A. Frota)
Atrasos salariais ocorridos no final de 2017 são investigados pelo MPE (Foto: A. Frota)

A Prefeitura de Dourados precisa dar explicações sobre os seguidos atrasos nos pagamentos de salários do funcionalismo público do município ocorridos no final de 2017. Na sexta-feira (22), o MPE-MS (Ministério Público Estadual) informou ter aprofundado uma investigação sobre esse fato e expediu requerimentos de informações à administração municipal com prazos de 10 dias para respostas. 

Assinado no dia 15 pelo promotor Ricardo Rotunno, o Inquérito Civil nº 06.2017.00002245-0 apura eventuais irregularidades consistentes no atraso do pagamento de salários e outras verbas de natureza alimentar aos servidores públicos do Município de Dourados. No segundo semestre de ano passado, a 94FM revelou que a prefeitura não conseguiu pagar todo o funcionalismo público em data única por três meses seguidos. Até o 13º salário foi atrasado (relembre).

No início deste mês, a Promotoria de Justiça determinou que seja requisitada à Secretaria Municipal de Fazenda, em 10 dias úteis, “análise contábil que demonstre: as limitações orçamentárias que acarretaram os recorrentes atrasos no pagamento dos salários e outras verbas alimentares aos servidores públicos do Município de Dourados nos últimos meses de 2017 e início de 2018”.

O MPE também quer saber, no mesmo prazo, “por que motivo a previsão orçamentária não foi cumprida com relação à reserva para pagamento de pessoal”, e “onde foram aplicadas tais verbas”, além de “relatório que comprove a implantação, bem como os reflexos financeiros das medidas já adotadas pela municipalidade, visando o cumprimento do art. 3º do Decreto 308/2017”.

Para Secretaria Municipal de Administração, o MPE questionou “a atual situação do pagamento do salário dos servidores municipais”, além de requerer “os percentuais atualizados da renda líquida anual destinada ao pagamento de pessoal” e “a relação quantitativa, em porcentagem, do valor que tem sido reservado ao pagamento de servidores efetivos e ao pagamento de pessoal com vínculo precário”. Tudo isso em 10 dias úteis a partir do recebimento do ofício.

Essas medidas foram tomadas pela Promotoria de Justiça ao converter o que era um procedimento preparatório em inquérito civil público. Instaurada originalmente em 27 de novembro de 2017, a investigação teve outras requisições feitas à prefeitura, mas considera vagas as respostas obtidas até agora “em relação aos motivos dos atrasos, referindo-se apenas à genérica ‘falta de recursos’, não informando concretamente as razões que acarretaram a falta do repasse tempestivo das verbas destinadas ao pagamento dos servidores”.

Em menção à legislação federal, o promotor pontua que “o atraso do pagamento salarial de servidores viola preceitos notadamente correlatos a dignidade da pessoa humana, medida em que ‘o atraso de salários implica em intenso sofrimento psíquico ao trabalhador que só dispõe dessa fonte de renda para prover o sustento próprio e de sua família’, situação que se agrava quando inexistente justificativa plausível”. 


Comentários
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  • Renato Manfredine Júnior

    Renato Manfredine Júnior

    Excesso de cargos comissionados! Muita gente para receber.