Saúde descarta estoque da central de medicamentos por causa de roedores

Promotor de Justiça apurou que parte da alimentação enteral destinada a pacientes do SUS foi perdida por causa de fezes de ratos

Visita de promotor de Justiça ao prédio administrado pela Secretaria de Saúde encontrou situação inadequadas (Foto: Divulgação)
Visita de promotor de Justiça ao prédio administrado pela Secretaria de Saúde encontrou situação inadequadas (Foto: Divulgação)

Fezes de roedores em caixas estocadas na Unidade Reguladora de Medicamentos e Insumos da Secretaria Municipal de Saúde motivaram o descarte de aproximadamente 10 litros de dieta para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Essa constatação foi feita pelo promotor Etéocles Brito Mendonça Dias Junior, da 10ª Promotoria de Justiça de Dourados, durante fiscalização realizada na manhã de quinta-feira (5). Também foram vistoriadas as instalações da Central de Abastecimento Farmacêutico. 

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As informações constam no relatório de inspeção anexado ao Inquérito Civil Público número 06.2017.00002152-8, instaurado pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) para “apurar os motivos da suposta falta de medicação de uso continuo na rede estadual de saúde para pacientes renais crônicos e transplantados de Dourados e macrorregião”.

Recebido por funcionárias que atuam nesses setores, o promotor de Justiça buscou informações sobre normalização de estoques em falta. Ao indagar sobre a alimentação parenteral, obteve como resposta que o estoque foi regularizado após quatro meses de ausência e agora pode atender a demanda do final de 2018 e início de 2019. 

Contudo, o membro do MPE deparou-se com a inadequação do local de armazenamento dos medicamentos. “Ato contínuo, foi verificada a existência de uma sala de depósito, também improvisada com a presença de materiais, alimentação enteral e insumos, inclusive dentro de uma churrasqueira inutilizada”, detalha o relatório.

Relatório de inspeção foi anexado a inquérito pelo MPE (Foto: Reprodução)
Relatório de inspeção foi anexado a inquérito pelo MPE (Foto: Reprodução)

Para piorar, o promotor de Justiça descobriu que parte desse estoque foi perdido justamente pela inadequação da forma como é guardado. “Indagadas sobre a inadequação da situação, as servidoras revelaram que poucos  dias atrás algumas caixas de medicamentos estavam com danificações que pareciam ser mordidas de ratos, seguidas de fezes dos roedores ratos em cima de algumas delas. Diante disso, parte desse material, cerca de 10 (dez) litros de dieta (o equivalente a mais ou menos uma caixa) foi descartado”, apurou.

Servidores que atuam no local informaram ter solicitado ao Departamento de Serviços Prediais a imediata desratização da unidade, formalizando o pedido por e-mail. No entanto, ao acessar o conteúdo dessa mensagem, o promotor descobriu que “até o presento momento, não houve resposta formal do setor responsável pela desratização sobre o referido pleito”.

“Indagados sobre a causa da presença de roedores, os presentes informaram sobre a existência de um depósito de bebidas abandonado no terreno ao lado. Pelas fotografias, verifica-se que é possível que tal local seja o ponto de origem do acúmulo de roedores, os quais podem ter adentrado ao prédio da URMI [Unidade Reguladora de Medicamentos e Insumos] pela parte de cima da churrasqueira, que é aberta”, revela o relatório da inspeção. 


Comentários
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  • Natalia

    Natalia

    Engraçado, quando é nas farmácias e drogarias privadas a Vigilância Sanitária inspeciona cada canto, até caixa d´água tem que estar com a limpeza em dia, qualquer poeirinha já pode ser motivo de notificação, de multa, e cadê essa fiscalização na saúde pública?

  • jessé

    jessé

    Isso é uma vergonha ,falta de respeito com a população . Tem que fazer um levantamento de quanto em reais foram perdidos com medicamentos a serem jogados fora por motivos de falta de competência e serem descontados na folha salarial de todos os envolvidos.