Servidores de enfermagem que atendem na UPA e no HV relatam atraso de FGTS há dois anos

“A sobrecarga está demais. Ninguém está aguentando. A gente está bem preocupada e não tem ninguém que brigue por nós”, desabafou uma das funcionárias.

  • Karol Chicoski
Hospital da Vida, em Dourados (Foto: A. Frota/Prefeitura de Dourados)
Hospital da Vida, em Dourados (Foto: A. Frota/Prefeitura de Dourados)

Funcionários de enfermagem da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados) que prestam serviços na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e no Hospital da Vida reclamam que há dois anos não recebem o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Segundo uma servidora, que pediu para não ser identificada, o FGTS é descontado do salário, porém, não é depositado aos funcionários. Ainda de acordo com ela, em todas as reuniões, os trabalhadores pedem explicações sobre o problema, mas ninguém dá respostas.

Além do atraso do direito trabalhista, os enfermeiros reclamam que não recebem, há anos, o aumento do Decid (Declaração e Cobrança de ICMS Diferido), que deveria ser pago a cada seis meses.

Leia também:
Endividada, Funsaud paga R$ 217 mil para 48 ocupantes de cargos de gestão

De acordo com as informações repassadas à 94FM, alguns dos funcionários, os técnicos de enfermagem, recebem R$ 1159,00, e com desconto, sai quase R$ 989,00, e sem esse aumento do Decid, fica cada vez mais difícil trabalhar.

Os trabalhadores também explicaram que a sobrecarga é demais, já que a falta de funcionários continua.  

“A sobrecarga está demais. Ninguém está aguentando. A gente está bem preocupada e não tem ninguém que brigue por nós”, desabafou uma das funcionárias.

Cobrança

Os trabalhadores relataram que só recebem o 13° salário e o pagamento salarial ameaçando. Agora, querendo uma resposta sobre o FGTS, eles esperam que o problema seja resolvido, que tenham, pelo menos, uma resposta.

“Então, é sempre com ameaça para funcionar. A gente quer uma resposta, com quem está esse dinheiro? Para conta de quem está indo? Mas ninguém responde”, disse.

Médicos

Ainda de acordo com a trabalhadora, os médicos do Hospital da Vida, que chegaram a comentar sobre uma possível paralisação, só receberam os atrasos salariais após ameaças. 

"Os médicos só receberam o salário em atraso porque ameaçaram paralisar. Eles também não iam receber”, disse ela. 

Resposta da Funsaud

Após a 94FM questionar sobre o assunto nesta quarta-feira (30), a Funsaud enviou uma nota à reportagem, dizendo que os enfermeiros não estão falando a verdade,  que o valor do depósito do FGTS é de 8% sobre o salário pago, mas não tem desconto para o funcionário.

"Elucidamos ainda que as informações veiculadas na matéria que são realizados descontos sobre FGTS é inverídica, uma vez que nos termos da lei 8.036 /90 o FGTS não pode ser descontado do salário dos empregados. Nesse caso, trata-se de uma obrigação apenas do empregador", disse Daniel Fernandes Rosa, Diretor-presidente da Funsaud.

Confira na íntegra a reposta da Funsaud à 94FM:

A Funsaud esclarece que o  débito do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) citado na reportagem, já foi solicitado o parcelamento em 13 de Setembro de 2018, conforme comprovante anexo (no comprovante enviado não informa o valor pago). Cabe ainda clarificar que tais informações foram repassadas aos órgãos de controle bem como ao MPE-MS (Ministério Público Estadual) e ao MPT (Ministério Público do Trabalho) pelos representantes da Funsaud.

Elucidamos ainda que as informações veiculadas na matéria que são realizados descontos sobre FGTS é inverídica, uma vez que nos termos da lei 8.036 /90 o FGTS não pode ser descontado do salário dos empregados. Nesse caso, trata-se de uma obrigação apenas do empregador.

O valor do depósito do FGTS é de 8% (oito por cento) sobre o salário pago, mas não tem desconto para o funcionário.

Com relação à falta de explicações pela instituição sobre o citado problema aos funcionários, esta informação não condiz com a verdade, pois na instância deliberativa superior da FUNSAUD – (conselho curador) em sua composição existe um representante dos funcionários.

Todavia, como outrora noticiada a FUNSAUD passa por seria crise financeira, e mesmo com a redução de despesas por parte da Administração da FUNSAUD, que vem sendo realizada desde o ano de 2017, a receita liquida mensal não está sendo suficiente para o custeio das despesas desta entidade.

 Ainda há que se considerar o impacto significativo das obrigações na prestação de serviços à população, na área da saúde, sendo os valores repassados pelos governos Federal, Estadual e Municipal, insuficientes para manutenção dos programas por eles criados, alem do  corte por parte do Governo do Estado do convênio firmado entre a Secretaria de Saúde do Estado (SES) e a FUNSAUD através do convênio n.º 25.608/2016 - 05/2016. Processo n.º: 27/001.019/2016, publicado no DOE 9136 pág, no valor de R$625.000,00 (seiscentos e vinte e cinco mil reais) / mês, em janeiro de 2017.

Por fim, mesmo com a crise estabelecida, como também menos recursos, a Funsaud tem se esforçado para a manutenção das ações e execuções nos serviços de saúde para a população Douradense e da Macrorregião, conforme se constata do relatório publicado no diário oficial do município de nº 4.729 em 12 de julho de 2018, sobre as metas do contrato de gestão.

Diante do exposto, a Funsaud espera ter esclarecido e afastado as inverdades veiculadas a respeito da entidade, bem como espera ter reforçado que as práticas adotadas pela Funsaud tem primado pela austeridade com os recursos públicos e princípios entabulados na Constituição Federal.

Sem mais para o momento, nos colocamos à inteira disposição para maiores esclarecimentos.

Matéria editada às 06h desta quinta-feira (31) para acrescentar  a nota da Funsaud***


Comentários
Os comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei ou que não contenha identificação não serão publicados.
  • #Sobrecarregada

    #Sobrecarregada

    Entao, estão sim trabalhando sobre carregados , terca feira ultima 29/01, uma funcionaria que trabalha na medicacao da area verde noturno, trabalhou desde as 18:30 as 1: 50 da manha , parou só pra ir jantar e depois não mais , isso que , ninguem à ajudou, ela sozinha pra medicar aquele tanto de pacientes que havia naquele setor . Todos viam sua correria , e nada foi feito. De dia é uma renca de enfermeiros naquele setor area verde e a.noite se lascam principalmente quen trabalha na medicacao. Detalhe : Pelo jeito nem pode reclamar , pq a pressão psicologica é grande . E tinha gente vendo como aquela mulher estava sem tempo nem pra ela , e não tomaram providências. Era apenas 19 pacientes qie havia naquele setor , tudo pra ela medicar. E ai ministerio publico como fica a situação dessa mulher ? Ainda vão continuar explorando ela ?? Ela ainda vai continuar trabalhando sobrecarregada sem ajuda de ninguem ????? . Responda ministerio publico se for possível.

  • Patrícia Ferreira Duarte

    Patrícia Ferreira Duarte

    Pedi demissão para assumir outro concurso a um ano e meio e até hoje não depositaram quatro meses do meu FGTS. Fui na caixa e informaram que já encerraram minha conta assim mesmo.

  • Sandra

    Sandra

    Para brigar de forma organizada tem que ser através de um sindicato forte que não tenha conchavos com ninguém. Mas as pessoas não valorizam os sindicatos, não se filiam e só sabem reclamar que sindicato não faz nada. O trabalhador não pode se esquecer que a força de um sindicato vem da união de toda a categoria. E agora piorou com a famigerada reforma que aos poucos vai acabar com os sindicatos. Só os fortes resistirão. Lutem pelos seus direitos, pois o poder público e os patrões nunca darão nada como presente. Ou trabalhem feito escravos até a morte.

  • Dpra

    Dpra

    Gente! Procura o Deputado estadual de vcs o FILHO DA ENTÃO PREFEITA... O HOSPITAL DA VIDA INTEIRO VOTOU NELE. COBRA ELE.. NADA MELHOR DO QUE UM DEPUTADO PRA BRIGA POR VCS ELEITORES .

  • jose amadeu gomes dos santos

    jose amadeu gomes dos santos

    o povo gosta nao elegeram?

  • #Indignada

    #Indignada

    Dourados está andando para trás há dois anos.
    Já não tem mais como culpar a administração anterior.
    Quem poderá nos defender desta péssima administração?Quem vai colocar um fim nisso?