Com investimentos de R$ 38 milhões, caravana põe fim a dez anos de espera

A caravana vai passar por Ponta Porã, Paranaíba, Nova Andradina, Aquidauana, Campo Grande, Três Lagoas, Dourados, Corumbá, Naviraí e Jardim.

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Mutirão vai deixar no Hospital Regional equipamentos como aparelho de tomografia, mamografia, raio-x digital e... (Reprodução)
Mutirão vai deixar no Hospital Regional equipamentos como aparelho de tomografia, mamografia, raio-x digital e... (Reprodução)

A Caravana da saúde, que acontece desde quinta-feira (26) em Coxim até o fim da próxima semana, vai realizar cinco mil procedimentos.

Em questão de minutos, o aposentado Hermílio João da Silva, 77 anos, deu adeus à visão embaçada provocada pela catarata no olho direito. Paciente número um no mutirão de cirurgias oftalmológicas, ele conta que o problema veio piorando. “Não está 100%. Foi arruinando e procurei o médico no posto de saúde Rondon”, conta.

Mas foi só em Campo Grande, a 260 km de Coxim, que recebeu o diagnóstico. Neste domingo, chegou cedo e a distância entre a consulta e a cirurgia foi de alguns passos.

Das 7h30 até as 17h de hoje, outras 299 pessoas poderão ter um novo olhar. A Caravana da saúde realizar mil consultas e 300 cirurgias oftalmológicas somente hoje, primeiro dia de utilização das carretas de atendimento destinada à saúde dos olhos. O serviço vai permanecer 15 dias nas imediações da escola estadual Pedro Mendes Fontoura.

De acordo com o médico oftalmologista Fábio Vieira, a cirurgia de catarata demora cinco minutos. “A cirurgia é rápida, anestesia com colírio, sem sangramento. Não precisa fazer curativo”, explica. Após o procedimento, o paciente recebe óculos de proteção e kit com colírio. Depois de uma semana, ele volta para consulta. Daqui a 30 dias, o paciente passa pela segunda avaliação do pós-operatório. Desta vez no posto de saúde.

Após a cirurgia para catarata, Elias Vieira de Andrade, 74 anos, diz que o principal desejo é voltar a ver a beleza feminina. “A coisa mais linda que Deus criou”, diz, sem perder o bom humor mesmo com problemas de visão há 30 anos.

Para quem não precisa de cirurgia, colírio e óculos é solução para o retorno a práticas do cotidiano. “Não põe linha na agulha, nada”, conta a dona de casa Elza da Silva Barreto, 40 anos. A aposentada Marlene Monteiro de Jesus, 60 anos, acordou às 4h em busca de solução para a vista embaçada. “Gostei muito. Passou a receita para fazer outro óculos”, diz. A estrutura para atendimento oftalmológico conta com carreta para cirurgias, carreta para consultas. 

 
 
Aposentado Hermílio João da Silva, 77 anos, deu adeus à visão embaçada provocada pela catarata no olho direito (Foto: Marcelo Calazans)
Aposentado Hermílio João da Silva, 77 anos, deu adeus à visão embaçada provocada pela catarata no olho direito (Foto: Marcelo Calazans)
 
Caravana da Saúde vai realizar mil consultas e 300 cirurgias oftalmológicas somente hoje (Foto: Marcelo Calazans)
Caravana da Saúde vai realizar mil consultas e 300 cirurgias oftalmológicas somente hoje (Foto: Marcelo Calazans)
 
 

Superlativo - A iniciativa, que será levada a mais dez cidades, tem outros números superlativos: investimento de até R$ 38 milhões, realização de 18.800 cirurgias e 400 pessoas entre profissionais da Saúde, auditores e voluntários.
De quinta-feira a sábado, foram realizadas 80 cirurgias de ginecologia, ortopedia e cirurgia geral no Hospital Regional.

“São vídeocirurgias. Minimamente invasivas”, afirma o secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares. Os procedimentos trouxeram alívio para quem muito esperou para retirada de vesícula, operação no joelho e retirada do útero.

Na especialidade de ginecologia, o mutirão pôs fim à fila de espera. “Vamos zerar a fila na região Norte. A fila existente, porque agora mais pessoas vão nos procurar. Na ginecologia, tinham 57 pessoas na fila”, diz o secretário.
Ele destaca que todas as mulheres que tinham indicação médica receberam a implantação de contraceptivo Mirena, que custa R$ 3 mil na rede particular.

Milhões – A projeção de gastos para a Caravana da Saúde é de R$ 38 milhões. Do total, R$ 18 milhões são para cirurgias oftalmológicas, que serão realizadas pelo Instituto dos Olhos Fábio Vieira; R$ 10 milhões de custeio e R$ 10 milhões de investimentos.

Nelson Tavares rebate críticas ao valor que pode ser pago caso a fila das cirurgias para os olhos se concretize em 14 mil. “Não sei se é ignorância ou se é as pessoas mal intencionadas. Na verdade, esses R$ 18 milhões é o que vamos pagar para as cirurgias que forem sendo realizadas. Ele é só um orçamento. Esse dinheiro nós vamos cobrar do Ministério da Saúde. Eu autorizo a cirurgia através da auditoria estadual, a cirurgia é realizada, nós mandamos a conta para o ministério e o ministério paga acima do teto financeiro de Mato Grosso do Sul”, salienta.

Segundo o secretário, o total de prováveis 14 mil cirurgias oftalmológicas foi calculado por estatísticas, considerando a população acima de 55 anos no Estado.

“Se fosse no ritmo de 1.200, 1.300 cirurgias de catarata por ano, só para zerar as 14 mil da fila seria necessário mais de dez anos”, afirma o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que se refere as 18 mil cirurgias represadas como a fila da vergonha.

A caravana vai passar por Ponta Porã, Paranaíba, Nova Andradina, Aquidauana, Campo Grande, Três Lagoas, Dourados, Corumbá, Naviraí e Jardim.

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