Prioridade é preservar vidas, diz procurador da República em área de conflito

  • André Bento
Procurador da República diz que a prioridade é evitar novos confrontos (André Bento)
Procurador da República diz que a prioridade é evitar novos confrontos (André Bento)

Diante de queixas apresentadas por ruralistas que alegam ter maquinários retidos nas propriedades ocupadas pelos guaranis em Caarapó, o procurador da República Ricardo Ardenghi afirmou que a prioridade é preservar vidas. Ele lembrou que o MPF (Ministério Público Federal) já atuou em conflitos semelhantes pelo Estado e conseguiu negociar a retirada de pertences e até mesmo permissão para colheita nas propriedades alvo de litígio.

“O importante agora é salvar vidas”, resumiu Ardenghi, que atua em Ponta Porã e viajou até Caarapó para agir em conjunto com o procurador Marco Antônio Delfino de Almeida, de Dourados. Eles foram decisivos nas negociações que possibilitaram a devolução de armas tomadas de três policiais militares feitos reféns na terça-feira (14), logo após sete índios serem baleados durante um ataque à Aldeia Te' Ýikuê. O agente de saúde Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, morreu na ocasião.

Desde então os guaranis da aldeia ampliaram as ocupações. Além da Fazenda Novilho, onde foi montado um bloqueio, o sítio Boa Vista e as fazendas Santa Maria e Yvu foram ocupadas pelos indígenas no dia seguinte ao ataque. Nesta quinta-feira (16) a mais recente vítima fatal do conflito fundiário que se arrasta há anos na região foi sepultada na propriedade onde teria começado o ataque, a Yvu.

Também hoje chegaram tropas da Força Nacional, enviadas pelo Ministério da Justiça após pedido do governador Reinaldo Azambuja. Essas equipes darão apoio às investigações já iniciadas pela PF (Polícia Federal), que tenta identificar quem foram os autores dos disparos que mataram um e feriram seis indígenas.

Em nota, o Sindicato Rural de Caarapó negou o ataque. A entidade alegou que os produtores utilizaram fogos de artifício durante a ação para retomar a fazenda Yvu, ocupada no domingo pelos guaranis. Mas socorristas e a própria PF já confirmaram os ferimentos por arma de fogo.

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