Conselho pede intervenção para evitar colapso irreversível no Hospital da Vida

Após diligência no hospital, conselheiros afirmaram que Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados deve sofrer intervenção judicial

Conselheiros encontraram problemas que impediram até cirurgias no Hospital da Vida, administrado pela Funsaud (Foto: A. Frota)
Conselheiros encontraram problemas que impediram até cirurgias no Hospital da Vida, administrado pela Funsaud (Foto: A. Frota)

Um relatório do Conselho Municipal de Saúde obtido com exclusividade pela 94FM revela que há “risco de colapso irreversível” no Hospital da Vida. Após encontrarem problemas graves durante diligência realizada no dia 5 de dezembro de 2018, conselheiros sugeriram ao MPE-MS (Ministério Público Estadual) que proponha intervenção judicial na Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados). Criada em 2014 para administrar essa unidade hospitalar e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), a fundação está em emergência financeira e administrativa desde novembro de 2017 por dívidas superiores a R$ 21 milhões.

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Anexado ao Inquérito Civil Público número 06.2016.00000437-0, o ofício é resultado de diligência “in loco” convocada pela própria 10ª Promotoria de Justiça da Comarca, que desde março de 2016 apura “possíveis irregularidades ocorridas no Hospital da Vida, relacionadas ao atendimento de pacientes e fornecimento de medicação/material básico”.

FALTAM MATERIAIS

Assinado pela então presidente do conselho, Berenice de Oliveira Machado Souza, nomeada secretária adjunta de Saúde na terça-feira (22) pela prefeita Délia Razuk (PR), o documento foi produzido a partir da visita feita dia 5 de dezembro pelos conselheiros Sérgio Ricardo Jacon, Geraldo da Silva Souza e Maria Elza Silva de Almeida.

Conforme o documento, foi apurado que o equipamento autoclave estava quebrado, faltavam materiais para realização de cirurgias como fios de sutura específicas para procedimentos ortopédicos, situação também ocorrida nos dias 3 e 4 a dezembro.

DANO COLETIVO

Além disso, foi relatado ao MPE que os prestadores de serviços estão sem receber há até 90 dias. Quanto à UCM, prestadora de serviços de alta complexidade aos pacientes renais crônicos, foi detalhado que recebeu R$ 36 mil referentes ao final de 2017, enquanto ficaram sem ser pagos outros R$ 100 mil. O Laboratório Health Labor Diagnóstico Ltda recebeu R$ 100 mil e tem mais R$ 500 mil a receber. E a Intensicare, que administra leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), aguarda o pagamento de R$ 9 milhões.

Nas considerações finais, o Conselho Municipal de Saúde ressalta que a Funsaud “nos lança a cada dia uma preocupação maior, pois as dívidas aumentam gradativamente, e não se consegue uma contabilidade de forma mais transparente, detalhada, citando todos os pormenores, logo, não resta outra alternativa, a não ser, de que haja intervenção por parte desse órgão ministerial [MPE], antes que ocorra um colapso irreversível, pois o coletivo é que sofrerá dano maior de uma situação tão temerária como essa”.

INTERVENÇÃO COGITADA

Essa possibilidade já foi cogitada pelo MPE. Após vistoria realizada no dia 30 de agosto de 2018 ao Hospital da Vida, os promotores Etéocles Brito Mendonça Dias Junior e Ricardo Rotunno expediram recomendações à administração municipal e alertaram sobre possível com ação coletiva, com pedido de intervenção judicial na Funsaud. (clique aqui para ler mais)

Naquela ocasião, acompanhados também pela advogada Shirley Manzepe, da Comissão de Saúde da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e pelo perito do Ministério Público do Trabalho Luiz Carlos Luz, além de representantes do Coren-MS, os titulares das 10ª e 16ª Promotorias de Justiça da comarca constataram falta de materiais básicos como medicamentos indispensáveis, número insuficiente de profissionais para atender, pacientes nos corredores e outros locais insalubres, além de sala de Raio-X sem isolamento adequado para conter a radiação.


Comentários
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  • anna

    anna

    Edvaldo, que os anjos digam amém, pois só quem precisa é que sabe o caus que está a nossa saúde!!

  • Edvaldo de melo moreira Melo Moreira

    Edvaldo de melo moreira Melo Moreira

    a possível solução já havia sido discutida em 2009, entre promotoria, Hospital universitário de Dourados, onde reza que o HU, absorveria toda parte hospitalar do município de Dourados, inclusive fora realizado um TAC (termo de ajustamento de conduta), onde município, e Hu se comprometiam a realizar essa transferência gradual do sistema hospitalar. Isso sendo sob forte pressão de duas entidades, para que isso fosse feito, porém ao se dar conta (HU), que mal conseguia atender porta aberta a maternidade, "recuou" da pressão que exercia em cima do MP na época, e não cumpriu o TAC, que eles mesmos exigiam que o município migrasse todo o atendimento público a ele. Sob alegação de ser, na época o único hospital 100% público, ansiava por toda a rede, e que víamos no momneot que isso não era possível, para se evitar o que fatalmente acontece hoje, todo o desmonte da área hospitalar de Dourados, (toda a alta complexidade minguando, até parece num leito de morte).
    A mudança novamente para uma pseudo terceirização, apenas piorou o quadro, e uma dívida estratosférica, e que aumenta a cada dia. hoje o correto seria um intervenção estadual, e que a tripartite (união, estado e município), juntamente com seus atores sociais, resolvam o problema! Desejo de coração que isso se resolva o mais rápido possível, mas guardo mágoa da forma como tudo aconteceu, e autoridades se calaram e hoje assistem "quietos a derrocada de um sistema", que precisa os mesmos tratamento que a santa casa de campo grande recebeu, quando em crise. que dias melhores venham para o nosso municio!

  • Dora

    Dora

    Agora vamos vê.... A então conselheira está do outro lado.... Será que vai continuar vendo os mesmo problemas ,as mesmas dificuldades?

  • anna

    anna

    Sinto muito informar ao Conselho que o tal do COLAPSO já esta ai faz é muito tempo!!! Bom, é melhor vocês terem chegado tarde do que nunca!!! Vamos aguardar!!!!